Oi, sê bem-vindo. Espero que esse texto te ajude a ser melhor. Fique com Deus. Boa leitura. 💛
(Leia ao som de Sense of Home)
A cada dia que passa eu me percebo uma pessoa mais impaciente. Não do tipo que tem pavio curto e explode em raiva por qualquer coisa – acho que sou até lento para a cólera na maioria das vezes. É embaixo da mesa que meus pés não param quietos; sinto dificuldades de concentrar tempo demais no que quer que seja; internamente parece que meus nervos reverberam; caminho rápido, rápido mesmo; rezo com pressa as Ave Marias do meu terço; me sinto sempre ligado em voltagem alta, mesmo quando não há motivo.
Não sei decretar um diagnóstico certeiro que explique o fenômeno.
É claro que há dias de calmaria, nos quais desacelero e caminho de um lado para o outro sem pressa, repetindo as preces lentamente. Quando acontece, fico sentado em silêncio na capela e quero permanecer ali sem hora de levantar e voltar às atividades. Consigo até escutar áudios em velocidade normal, acredita? Mas isso depende muito de como está o emocional, o cenário ao redor, as obrigações batendo na porta. Se isso colabora, tudo vai bem. O problema é que, quando o entorno não favorece, raramente consigo tornar concreto o que sei: estar acelerado não resolve as coisas.
Eu sei que não se trata só de querer. Há casos de ansiedade que são crônicos e merecem nossa compaixão e tratamento para serem amenizados. Contudo, não é quanto a esses casos que me refiro. Falo mesmo é do hábito da pressa, da incapacidade de relaxar um pouco e viver em silêncio interior. Já perdi as contas de quantas horas de sono eu perdi por pensar que no dia seguinte tinha bastante coisa para estudar ou resolver. O resultado era sempre o mesmo: o cansaço aumentava e, consequentemente, diminuía o meu rendimento.
É lógico que às vezes o montante de coisas e a pressão vem e nos pegam desprevenidos, empilhando obrigações e nos desafiando além do que estamos acostumados. Até para mim, que tenho inclinação fleumática, isso cobra seu preço. Mas é preciso respirar fundo, dar um passo de cada vez e seguir o conselho que Deus dá de deixar a cada dia o seu próprio problema – e só.
Um livro que estou lendo diz que o segredo da santidade e da paz interior é desempenhar da melhor maneira possível a obrigação presente, e nada mais. Fazer algo pensando na tarefa seguinte, além de tirar a paz interior, nos coloca em risco de deixar o necessário inacabado. Não se trata de ignorar o futuro e não planejar, mas buscar fazer agora o que cabe ao agora, e se preocupar com o resto no seu devido tempo. Amando ardentemente o momento presente – seja ele de estudo de um conteúdo chato, seja de sorrisos e convívio bonito com quem amamos – vamos mais longe.
Pensar sobre isso na medida em que vou me reconhecendo mais ansioso do que imaginava é desafiador e bonito. É como se Deus me olhasse nos olhos e dissesse: “filho, tenha paz; o que puder fazer, faça; o que não puder, deixa; mas ame no processo e a vida valerá a pena”.
Imaginar essas palavras já trazem uma paz que só…
A cada dia que passa, igualmente, tenho me policiado a caminhar mais devagar, a rezar mais lentamente, a pensar em menos coisas ao mesmo tempo, a respirar calmamente por um minuto inteiro toda vez me percebo acelerado. Um pouco ajuda. Afinal de contas, um fio de paz em tempos como o nosso já vale muito. E de pouco em pouco esse fio é suficiente para ir nos acostumando a um modo mais sútil e profundo de viver.
Júlio Hermann.
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Crédito da foto: aqui.