Um pouco, todos os dias

Oi, sê bem-vindo. Espero que esse texto te ajude a ser melhor. Fique com Deus. Boa leitura. 💛


(Leia ao som de Shed a Tear)

Os dias parecem todos iguais. Seu cabelo cresce pouco a pouco e seus olhos mal notam a diferença no espelho pela manhã. O seu dedinho do pé permanece roxo, mesmo passando-se duas semanas desde que você acertou o canto do sofá ao correr para o banheiro numa cena monótona de um filme meia boca. As suas tardes de trabalho são sempre iguais, com o tempo passando lentamente até o sol cair no horizonte e chegar o tempo de voltar para casa. E você, acostumada à rotina, acostumou-se também a dar de ombros.

Depois que a vida adulta chega e nossos dias parecem todos iguais, um dos grandes desafios é o se apaixonar pela rotina. Como é difícil encontrar algo belo quando o mundo ao nosso redor parece sempre igual, sempre o mesmo! Não há grandes ápices, o calendário arranca folha e mais folha, troca-se o ano e permanece tudo idêntico. Lembramos, diante disso, que éramos mais empolgados no início, que dávamos passos mais largos. Depois, com o tempo, entendemos que podíamos caminhar devagar, e aceitamos as consequências disso.

Me pergunto: o que separa aqueles que realizam seus sonhos daqueles que não saem do lugar? A disciplina? Penso que sim. E não estou falando de fazer o que é certo, todos os dias, de modo regrado. Isso é nossa obrigação – com sonhos ou não. Mas a disciplina da constância, do afinco, do insistir sempre com o mesmo ritmo, ainda que às vezes se precise recomeçar do zero.

Um ditado popular diz que um minuto gasto organizando as coisas economiza uma hora depois, que não se precisará gastar revirando gavetas e tralhas atrás do que procuramos. O mesmo vale para os nossos sonhos e as metas que estabelecemos: podemos cair na ilusão de que fazer muito pelos nossos projetos de vez em quando é mais efetivo do que fazer um pouco todos os dias, pelo simples fato de notarmos progressos maiores de uma só vez.

Quando se quer aprender algo novo, vale mais 10 minutos dedicados por dia durante a semana, do que duas horas na tarde do domingo. O cérebro trabalha sempre por repetição. Assim, para a maioria das coisas que queremos, a solução está ao alcance das nossas mãos. Custa de nós, contudo, a constância.

O cabelo que cresce todos os dias sem que percebamos precisa ser cortado a cada poucas semanas. O dedo roxo do pé talvez já estivesse sarado se tivéssemos sido fiéis por mais de três dias ao repouso que o médico nos indicou. O nosso trabalho, igualmente, seria mais prazeroso se olhássemos as tardes rotineiras da ótica do quanto nos dignificamos com ele, e não do quão monótono parece. Mas isso custa o hábito de olhar as coisas pelo viés certo e a constância nas coisas ordinárias, tão sublimes e desvalorizadas.

Mas eu te entendo: no início, decidimos perseverar e nos empolgamos com isso. Passam-se alguns dias e parece chato ter disciplina tão regrada em coisas tão pequenas. Aos poucos, vamos desanimando. Mas eu te garanto uma coisa: quando conseguimos vencer a preguiça ou a zona de conforto, quando isso se torna parte de nós, nossa vida vira de ponta-cabeça, ainda que devagarzinho.

Mas é preciso querer. E querer sempre, não por um dia só.

Júlio Hermann.


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Crédito da foto: aqui.

Um comentário sobre “Um pouco, todos os dias

  1. Maria disse:

    Texto bem escrito com clareza e leveza como é do teu feitio. Obrgada por partilhar semanalmente conteúdos que sempre nos levam à reflexões sobre nós,
    a vida, a família, os amigos e tudo que nos faz felizes.

    Curtir

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