Ainda que você não note

(Leia este texto ao som de Imperfect Me)

Ainda que você não perceba que o meu peito dá leves pausas entre uma palavra e outra que escrevo, eu continuo, na esperança de que de uma hora para outra isso tudo ganhe algum sentido para ti.
 
Permaneço cantando por aí o teu modo de passar pelos problemas chatos da vida. Com a voz desafinada e o desejo de contar que o mundo pode ser bonito apesar da angústias que perfuram nossos peitos, eu finjo que uma esquina movimentada da Paulista é capaz de me abraçar de corpo inteiro, como se fosse você.
 
Independente de teu rosto se molhar ou não, eu chovo em versos estranhos por aí, tentando dar vida a cada pequeno detalhe que te cerca. Você parece imune à água na maioria dos dias, mas isso não me impede de sorrir por cada flor bonita que cresce ao redor do teu corpo.
 
Eu sei que você não escuta os meus gritos, mas isso nunca me impediu de colocar tudo garganta à fora, como se fosse o detalhe mais importante do mundo. Fui dormir noites e mais noites sem voz nenhuma, feliz da vida por ter externalizado para quem quer que fosse o que se passa aqui dentro.
 
Mesmo que você nunca se dê conta, nada me faz evitar dizer ao mundo que você merece uma vida calma e tranquila, sem tantas coisas na agenda, a ponto de perceber com clareza ao olhar no espelho que o amor está prestes a te invadir feito flecha – da forma como me invadiu.
 
Escrevo duzentas páginas, tento compor alguma coisa para que o mundo possa te cantar por aí, rabisco fachadas de prédios para te dizer que o meu peito foi por um caminho torto para ver se encontra o teu.
 
Ainda que você não leia, não escute, não perceba cada uma das coisas que eu faço ou deixo de fazer, eu insisto – tudo na esperança de um dia você sentir em si uma fagulha do que acendeu em mim.

Júlio Hermann

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