Que atenção você tem dado ao que não vê de si?

(Leia este texto ao som de Blame it on me)

A aparência no espelho provavelmente não te agrada tanto assim. Parece que falta algum detalhe, alguma coisa está fora do lugar. Você se preocupa demais com o reflexo que enxerga quando se olha, não se preocupa? Eu também. Escrevo essas coisas na segunda pessoa do singular mas o objetivo é perguntar também para mim.

Que atenção você tem dado para as partes de si que não vê?

Um dos aprendizados mais bonitos que a gente pode ter na vida tem a ver com a percepção de que para doar-se a alguém é necessário ter a si mesmo. Não tem muito a ver com amor próprio, mas com o conhecer-se profundamente a ponto de saber o que habita nas partes de si que você não conhece.

Você tem seus demônios, não tem? Legiões deles que você conhece e te atormentam dia e noite. Mas você já tentou dar um passo mais longe do que já foi para perceber o que importa e vai muito além disso? Já tentou se virar do avesso ao ponto de se reconhecer uma pessoa completamente diferente do que imagina ser?

Nós queremos nos dar demais, enquanto nos preocupamos de menos em nos ter.

Eu acredito que nós só seremos felizes em plenitude quando formos quem devemos ser. Essa é uma crença particular, eu sei, mas todos nós notamos hora ou outra necessidade de adentrar nas próprias misérias. Seja depois do fim de um relacionamento, seja ao término do semestre na faculdade. A nossa mente pede o tempo dela para entrar em sintonia com o coração.

O que eu percebo em mim e em muitas das pessoas à minha volta é o excesso de atenção dado para o que não importa tanto assim. Se você não se conhecer de cabo à rabo, continuará sofrendo de crises maiores das que precisa encarar, assim como eu. A estabilidade interior passa por essa viagem interna também: você não precisa de uma vida sem problemas para estar em paz, isso é impossível; precisa mesmo é de paz para enfrentar seus problemas sem perder o sono tantas vezes.

Às vezes, a hora certa de tirar nossas máscaras é justamente a de se olhar no espelho. É difícil se dar conta disso, nós não costumamos perceber as mentiras que contamos para nós mesmos. E, talvez, adentrando nos cantos escuros que não conhecemos de nossos próprios seres, reconheçamos alguém completamente diferente do que enxergamos no reflexo do espelho. E nos agrademos mais.

Isso vem de encontro ainda com o ser feliz com alguém. Afinal de contas, como diz umas das orações que mais mexem com o meu coração, “para derramar-se, é preciso carregar-se”.

Júlio Hermann

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