Por que nos acostumamos com a mentira?

Oi, sê bem-vindo. Espero que esse texto te ajude a ser melhor. Fique com Deus. Boa leitura. 💛


(Leia ao som de Going To Be Wonderful)

Uma das coisas mais difíceis dos nossos tempos é a fidelidade à verdade. Me dei conta disso enquanto pensava no que te escrever hoje. Acho até que você já está cansando de me ouvir falar dos nossos problemas, mas eu garanto que minha intenção é das melhores: quero que você descubra como o que é verdadeiro brilha feito sol e é capaz de trazer uma felicidade mais estável, independentemente dos perrengues do dia a dia.

Dito isto, espero que você me perdoe por repetir: temos dificuldade de ser fiéis à verdade. Chesterton, um autor inglês do século passado, escreveu que a grande revolução que os nossos tempos precisam talvez não seja desconstruir padrões ou inventar um mundo novo, mas fazer o que sempre foi certo, por mais antiquado que pareça.

Sabe aquelas pequenas coisas que nós sabemos estarem certas, mas por não causarem grandes vantagens ou prejuízos, acabamos não dando tanta importância? É sobre elas que eu falo. E a questão não é nem evitar contar mentiras, por exemplo – pois isso todos nós evitamos, espero. O problema é contar meias verdades como se fossem histórias inteiras, quando o próprio conceito de verdade exige que o fato seja contado em plenitude.

Enganamos aos outros por não falar tudo. Enganamos a nós, por uma consciência limpa na carcaça e manchada por dentro.

Desta nossa dificuldades surge os mais mirabolantes inventos: ao não nos conformarmos com a verdade, preferimos nega-la. E não só sobre nós, mas sobre a vida e o mundo. Assim sendo, dane-se que nos provem que o céu em dias bons é sempre azul – não acreditamos. Tanto faz que todos nos digam que a água é molhada, se podemos fincar a bandeira da revolução e dizer que isso não passa de convenção social, importando mesmo como nós queremos olhar a realidade. Parecem absurdos meus exemplos? Aplique, então, a outras realidades – sobretudo as mais polêmicas – para você ver.

Ao negarmos a verdade, seja os outros ou para nós mesmos, corremos o risco de vivermos uma vida de mentira. Não se trata de não ter intimidade e falar tudo, mas de não ser honesto no que precisa ser dito. Não adianta pensar que uma verdade pela metade é um mal menor quando aplicado a coisas superficiais. A lógica dos problemas pequenos é que, com o passar do tempo, eles vão crescendo feito bola de neve. Uma mentirinha aqui, um fingimento ali, e vamos nos acostumando a viver como maquetes: belíssimos por fora, mas feitos de papelão e sujeitos a fragmentar no primeiro vendaval.

Chesterton diz que a verdade é como sol: olhar para ela é difícil às vezes. Mas não entendo o que ganhamos deixando algumas dificuldades de lado. Uma falsa ideia de estabilidade, porque ainda ninguém nos descobriu? Se for isso, que pena. É triste uma vida vivida assim…

Para tornar esse texto algo mais nosso, pensemos no amor. O amor, como a verdade, não existe se não for real do início ao fim. Se ele é grande ou pequeno é outra história, o que importa num primeiro momento é ser verdadeiro. Porque de um amor de mentira que comove o mundo nas telas do cinema, não se colhe nada de bom depois de um tempo. Encerra-se a sessão, conversa-se sobre ele no caminho até o estacionamento do shopping e nunca mais nos comove outra vez. Ao contrário: de um amor sincero, por mais discreto que seja, se muda o mundo.

Mas não estamos acostumados à verdade. Deixando ela de lado, não nos acostumamos nem com o amor. Trocamos de par pouco a pouco, vendemos nosso coração a cada mês por um preço diferente e chamamos eterno o que não é: são só fragmentos. E o que amor e verdade tem em comum, além de se implicarem mutuamente, é que ambos ou são completos, ou não são nada.

Júlio Hermann.


Crédito da foto: aqui.

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