Talvez estejam roubando sua liberdade

Oi, sê bem-vindo. Espero que esse texto te ajude a ser melhor. Fique com Deus. Boa leitura. 💛


(Leia ao som de Sounds of the silence)

Um dos paradoxos que mais tocam o meu coração quando olho para o modo como conduzimos nossas vidas é que parecemos ser donos de nós mesmos, conscientes profundamente do que é melhor para nós e de quem somos, mas não nos valorizamos. Temos nome, rosto, estilo, um número no documento que nos faz alguém para a sociedade, mas, no fundo, não nos temos a nós.

Como não nos levamos a sério como deveríamos, acabamos nos vendendo por qualquer coisa.

O grande desafio que enfrentamos, me parece, é conseguir dar um sentido profundo e de eternidade para a vida que vivemos. O nosso coração inquieto não é fruto da era digital e da velocidade do mundo – ainda que isso nos deixe ansiosos. Nós fomos criados com um anseio de eternidade impresso no mais profundo dos nossos corações. Você pode ter seus perrengues, se sentir uma pessoa desgraçada, cometer erro após erro na sua vida, mas não renuncia nunca ao desejo de ser feliz. Tudo o que você faz é em virtude de uma sensação particular de plenitude que te preencha. E, nessa luta autêntica e verdadeira, acaba colocando os pés pelas mãos: confunde um momento de êxtase com a felicidade verdadeira.

Eu acho curioso o que disse acima: dizemos nos amar, mas não nos valorizamos. Gastamos horas incontáveis alimentando nossa vaidade e engrandecendo nossas qualidades e aparência, mas acabamos oferencendo-nos de graça para qualquer pessoa nos apareça e sorria. Basta que nos deem prazer por algum tempo e está bom. Colocamos aí nosso valor, fazemos nossa existência girar em torno disso, e nos tornamos vazios. Cada vez mais vazios. Cada vez mais dependentes. Nunca preenchidos, nunca satisfeitos e, consequentemente, vamos tornando ainda mais barata nossa alegria.

Neste processo, quanto nos perguntamos sobre o valor que temos?

Eu não estou falando de comparação. Não adianta medir quem somos com base no quão mais longe fomos do que os outros, ou quanto melhor alinhado é nosso cabelo. Falo aqui do que é imutável, do que não é manipulável pelos filtros de Instagram ou por uma postura inventada para atrair o olhar alheio.

Quanto nos perguntamos sobre o valor que temos? Como deduzimos o que realmente importa na vida?

Antigamente nós olhávamos os filmes e nos admirávamos pelo amor com gosto de eternidade que eles nos traziam. Era bonito ver o casal idoso “brigando” um com o outro, mas se amando e permanecendo junto. Tinha um quê de eterno, igualmente, no herói buscando conselhos com o ancião por não saber tudo sobre a vida. Hoje, ao contrário, torcemos para que os amores nas telas terminem em detrimento de paixões que aumentam nossos hormônios; chegamos a querer o prêmio para o vilão, porque ele nos parece bonzinho e “tem seus motivos”. E aí por diante… Não é longo o percurso para encarnamos esses desvalores em nós mesmos.

Repito: quanto nos perguntamos sobre o valor que temos?

Eu sei que esse texto pode parecer denso e pesado, diferente de todos os outros que eu já escrevi. Meu objetivo, por mais que pareça, não é fazer uma crítica ao cinema ou o que quer que seja. Quero apenas que você se questione. Nem tudo é construção social como nos dizem. Às vezes esse discurso é posto diante de nós para dar-nos uma falsa impressão de que podemos tudo, quando na verdade vamos nos escravizando aos poucos. Desconstruir todos os padrões, igualmente, talvez seja só birra de criança, porque a realidade não é moldável aos nossos gostos. O verdadeiro é sempre verdadeiro. O efêmero é, quase sempre, permanentemente efêmero.

E isso não é desanimador. Antes, é um consolo: apesar dos nossos erros, o que é bom, belo e verdadeiro, permanecerá o sendo para sempre.

Se ninguém te disse, eu digo: você não é livre quando faz o que quer, com quem quer, a hora que quer. Você é escravo. Seu instinto pede, você cede. Livre é quem consegue colocar hierarquia nas coisas e perceber que há bens verdadeiros e há males com aparência de bem. Um cachorro não consegue valorar as coisas. Você sim. E por isso mesmo as consequências são suas.

Esquecer isso é, infelizmente, ser conduzido com a massa para uma existência vazia de sentido e cheia de brilho e filtros para os outros verem. Uma pena, uma profunda pena para quem foi criado por Deus para uma eternidade e acabou se esquecendo disso.

Uma lástima imensa para quem foi feito para a verdade e se acostumou a gostar da mentira.

Júlio Hermann.


Crédito da foto: aqui.

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