Oi, sê bem-vindo. Espero que esse texto te ajude a ser melhor. Fique com Deus. Boa leitura. 💛
(Leia ao som de Ready to Change)
Os seus olhos estão vermelhos no espelho. Você passou a noite em claro por um pouco de saudade latente. Seu coração quase saiu pela boca umas duas vezes, sua mente pareceu revisitar memórias em uma velocidade bastante acima do normal. Mas você permanece inteira, porque compreende que a vida acontece e momentos passam.
Um dos grandes sinais de maturidade é a capacidade de olhar o correr do relógio com naturalidade. Uma pessoa inteira e adulta do peito para dentro raramente se desespera. Chora, sente, mas deixa os processos acontecerem. Sabe que a falta doerá dentro do peito por algumas noites, revisitará o coração em tardes chuvosas, mas faz parte do processo.
Perder quem se ama, mudar-se de cidade, deixar pelo caminho um sonho, trocar de hábitos depois de anos fazendo as mesmas coisas cobra o seu preço dentro da gente. Por mais desapegados que possamos ser, o coração se gruda em algumas coisas. O sofrimento se alimenta disso – e há algo bonito em sofrer de saudade. Ficamos um pouco mais crescidos.
É fundamental fazer a experiência de compreender que o tempo passa e a vida exige que cumpramos a nossa parte do processo. Seria cômodo ficar sempre no mesmo lugar, com a janela ventando brisa no calor do verão e a lareira aquecendo a sala no frio do inverno. Contudo, cresceríamos com isso?
Uma geração mimada como a nossa bate o pé para não perder do alcance das mãos o que ama. E geralmente faz isso por algo lícito e bonito. Mas é preciso ser capaz de fazer renuncias para crescer como se pode, amar como se deve, chegar onde se sonha.
Eu, que saio de casa mais uma vez depois de dois meses morando no conforto do coração da minha família, preciso lidar com naturalidade com a ideia de me ausentar por um tempo. Dói? Claro que sim. Mas o que eu posso eu fazer? Cada vida tem seu lugar, cada fase exige um passo diferente. E é preciso dá-los.
Os olhos ficam vermelhos, dormir as últimas noites antes de sair de casa custa um pouco – independentemente se vamos para perto ou longe –, o coração salta e as lembranças quase sufocam a inteligência pela própria latência. Mas é bonito.
Damos tchau hoje para nos reencontrarmos amanhã. Nos abraçamos hoje pela “última vez”, para que o próximo primeiro abraço tenha um sabor novo de lar. Deixamos uma parte da gente no lugar de onde partimos, mas precisamos ir inteiros. Paradoxo estranho, eu sei, mas bonito e fecundo para quem compreende que a vida muda e é preciso ser adulto para lidar com isso.
Júlio Hermann.
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Crédito da foto: aqui.