Oi, sê bem-vindo. Espero que esse texto te ajude a ser melhor. Fique com Deus. Boa leitura. 💛

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(Leia ao som de Ran Away)

Eu não conheço o seu coração por dentro. As marcas que ele carrega, as feridas que ainda latejam, as alegrias que o fazem bombear sangue mais rápido aos fins de semana. Nem o melhor médico do mundo conseguiria descobrir essas coisas, ao menos que você falasse. E, ainda que dissesse, uma coisa é a realidade, outra o discurso. Seria impossível um retrato fidedigno nos detalhes. Mas uma coisa eu sei: a reconstrução de qualquer ruína sempre é tarefa sua.

É impossível passarmos uma vida inteira sem nos decepcionarmos – e isso não precisa ser exatamente no campo afetivo. Hora ou outra alguma coisa vem e nos coloca no chão. Perdemos a consciência de onde estamos por um instante, tentamos nos recuperar do impacto. Pode ser uma demissão ou um “você não encaixa mais na minha vida”. Tanto faz o que nos deixa assim, se não era duradouro. Importa que em ambos os casos permanecemos nós.

Claro que sempre poderemos contar com quem nos ama – e que bom que é assim. Mas com o passar dos anos, sobretudo quando a vida bate na gente inesperadamente, nos damos conta de que isso é um auxílio valioso, sim, mas ainda um auxílio. Depois do abandono, somos nós que nos vemos no espelho pela manhã. Quando o celular fica carregando aos pés da cama, somos nós com nossos próprios pensamentos que dialogamos à noite. Quando o silêncio parece tremendo, nós mesmos e Deus nos escutamos – e ninguém mais.

O papel de reconstruir uma realidade que caiu ao chão na sua vida é seu. Não é algo que você pode transferir para outra pessoa e seria até cruel colocar o peso nos ombros de alguém. Não importa se você foi vítima ou culpado na história da tragédia que gerou seus escombros, o processo de cura partirá sempre de dentro: lá, no íntimo do seu íntimo, onde Deus e você estabelecem um plano para colocar as coisas no lugar, com a consciência de que pode levar tempo.

Ter um amigo para te ouvir e um colo de mãe para deitar, fazer uma boa confissão sacramental, viver uma boa sessão de terapia – tudo isso ajuda muito. Mas, não caia no equívoco de achar que essas coisas resolverão o seu problema sem você arregaçar as mangas.

Se bater a tentação de desanimar pelo peso da responsabilidade, pense nisso: se você é quem reconstrói, podes fazer do jeito que achar melhor. O martelo e os tijolos estão na sua mão. Apenas lembre-se de começar pelo alicerce e fazer o que é certo.

Júlio Hermann.

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Crédito da foto: aqui.