Oi, sê bem-vindo. Espero que esse texto te ajude a ser melhor. Fique com Deus. Boa leitura. 💛
(Leia ao som de Ain’t No Mountain High Enough)
Saber ouvir é uma das coisas mais difíceis de se fazer. Eu falo por mim: quando preciso falar algo, raramente economizo nas palavras; faço alegorias, explico detalhes. Porém, quando preciso ouvir, parece que minha disposição interior muda. E isso é uma luta constante minha.
O que parece ser um pouco de egoísmo e indisposição, acaba gerando consequências em outros pontos: me torno inconscientemente ingrato, achando merecer tudo sem oferecer nada.
A nossa geração sofre um pouco com isso, me parece: pensamos que os outros nos devem algo. Se não chegamos a algum lugar, a culpa não é nossa, mas de outro. Se conseguimos percorrer um caminho com êxito, com a ajuda de alguém, até agradecemos, mas interiormente entendemos o mérito como sendo nosso. Olhamos nossas vidas e exigimos coisas, pensando pouco nos nossos deveres.
Aprender a ouvir é uma questão de sobrevivência para mim – ainda que não literalmente. A qualidade das minhas relações depende disso. Sem um ouvido atento, corro o risco de centrar minha vida em mim mesmo. Na vocação, isso é um problema. Com a família e os amigos, a mesma coisa. Se não aprender a exercitar a escuta, correrei o risco de me achar responsável por tudo de bom que me cerca, e perderei a gratidão. Não serei quem posso ser para os outros e deixarei de ser dom.
Isso me faz pensar que o senso de dever é tão fundamental quanto o de direitos. Sem um, o outro não subsiste. Se eu quiser ser ouvido, ajudado, amado etc, preciso abrir o coração para isso. Mas que sentido tem viver uma vida que seja assim só para mim? É preciso que eu faça o mesmo pelos outros, não?
Por saber ouvir pouco, sei amar pouco. Pouco agradeço, faço, me doo. Mas isso não é um vício definitivo em mim. Mudar é bem possível…
Nos dias que estão por vir, quero fazer o propósito de cuidar um pouco mais dessas coisas. Espero que você também, se o seu caso for parecido com o meu… Pregamos tanto amor próprio por aí, que corremos o risco de nos acharmos no direito de sermos alvo de todo amor: nosso e dos outros. Mas coração nenhum sobrevive vive só recebendo, sem se doar…
O que tenho tentado me convencer é o seguinte: minha vida não é simplesmente para mim, é para os outros. Deus tem me aberto os olhos para isso. O processo até tornar isso real na minha realidade, porém, implica abraçar a virtude da humildade, descer do pedestal em que olho o mundo e reconhecer que o outro não me deve nada, mas merece tanto quanto eu.
Tudo o que recebo é lucro, todo amor que dou é justiça.
E o caminho da felicidade verdadeira também passa por reconhecer isso.
Júlio Hermann.
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Crédito da foto: aqui.