(Leia ao som de You Might Think)
Você tinha dificuldades para verbalizar as palavras que os teus olhos gritavam, mas eu não entendia. Me esforcei para decifrar elas durante noites inteiras, enquanto você me olhava do outro lado da mesa no jantar e me convidava a assistir filmes que seriam escritos por nós dois na vida real.
Eu não sabia como me comportar diante disso.
Meus gestos tentavam deixar claro como eu estava me sentindo no caminho que estávamos trilhando. Você indo em direção a um sonho, eu me deslocando na direção oposta. Não era como se eu não me importasse com você, porque eu me importava, só não era capaz de ir em direção ao que seria uma ilusão para mim.
Meu erro também foi não verbalizar.
Li em algum lugar que amor tem a ver com disposição e afeto, e que é preciso sempre forçar-se a dar o melhor de si. Quis te contar isso para que os nossos espelhos escancarassem o que ainda precisava mudar na vida que levávamos. Mas ponderar com a cabeça no travesseiro foi o primeiro passo para eu desistir. Até as minhas orações falavam o que eu não queria ouvir sobre a gente.
Acabou que ficamos vivendo meses assim: você não dizendo as coisas, eu evitando o que me incomodava no nosso silêncio. Deixar o sentimento morrer seria inevitável se continuássemos assim.
Existe um quê de doloroso em um amor que se deixa apagar aos poucos, como se os dois assistissem lado a lado os ponteiros do relógio correndo para longe do passado e não dissessem nada. O tempo os mudaria e eles não se conheceriam mais.
Foi assim com a gente.
Seus olhos já não falavam de afeto, porque se falassem eu entenderia. Minhas atitudes também não, porque você igualmente perceberia. O amor sempre grita, mesmo quando é silencioso; não era isso que você me dizia? Acho que sim, mas nós dois havíamos nos transformado em um deserto…
Te procurei por casa, nas gavetas, nas fotografias, nas lembranças das nossas viagens ao outro lado do país. Mas você não estava mais lá, porque já não era a mesma pessoa que eu tinha conhecido. Eu também não era o mesmo. E se eu não sabia nem como me comportar diante de nós, você também não fazia ideia do que fazer.
Mesmo assim, obrigado por tudo. Ter te amado foi um modo bonito de perceber que, na vida, tudo faz crescer. Cresce-se quando ama; cresce-se quando acaba.
Somos pessoas melhores agora. Pelo menos.
Júlio Hermann
Espero que você tenha gostado desse texto. Fique com Deus e tenha semana feliz. Que Maria e teu Anjo te ajudem.
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Foto: StockSnap