(Leia este texto ao som de Home)
É no canto do chão da sala, logo ao lado do sofá, onde eu eu fico sentando pensando em você com o celular plugado na tomada, que eu mais sinto a tua falta. Eu até tento disfarçar nos outros momentos, mas não nesses. As coisas não se parecem nem uma migalha com o modo como eram antes e eu percebo o meu corpo submerso em uma banheira de gelo. Você faz falta no tapete.
O que foi que aconteceu, meu bem?
O que houve com aquele amontoado de momentos que nós juramos passar juntos antes de o ano terminar?
Eu sinto falta do modo com que você se preocupava com a quantidade de água que eu tomava todos os dias e o tanto de carne que eu insistia comer ao longo da semana. Seus rins vão doer e você vai ficar doente no futuro, me dizia. Eu concordava, enquanto dosava cada uma das coisas para ficar mais parecido com você.
Me disseram uma vez que o segredo está em pegar as próprias dores na mãos e seguir em frente. Talvez assim eu superasse. Eu só não consegui entender como a gente faz para o peito entender que as coisas precisam ser assim. Um dia ele sente mais frio, noutro um pouco mais de dor.
Eu não sei o que fazer. Minha cabeça fica girando e girando e girando, sem saber direito se tenta encontrar você ou aceitar que seguir em frente é o melhor caminho.
Enfrentar as coisas desse modo é sombrio pra burro, sabe? Quando alguém que amamos passa a ocupar um lugar diferente na nossa existência, sobra o vazio de um lugar que já não é habitado. Assim como a sala de casa fica mais vazia sem teus pedidos de cafuné.
Eu até tento escrever sobre outras coisas, ver outros filmes, lembrar de coisas diferentes das que eu costumava dividir contigo, mas o meu cérebro voluntariamente não permite que as coisas sejam assim.
No chão da sala. Em cima do sofá. Nos cantos escondidos do meu peito e que eu nem sabia que existiam. Tudo parece gelado demais, como se eu estivesse submerso em um lugar que não consigo sair.
Para onde eu vou depois que não te encontrar em mim?
Júlio Hermann
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As duas versões de nós dois

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