(Leia este texto ao som de Saving Grace)
A sua felicidade vai aumentar de tamanho depois da dor. Ainda que ela já exista em algum lugar, eu sei que é difícil reparar nos seus efeitos enquanto a ferida ainda lateja. Seus olhos não se abrem por completo para observar o todo, porque a mente volta a atenção para o que ainda pinica.
Eu contei os segundos dos teus sorrisos naquele dia, para ter uma prova concreta que te mostrasse que o amor ainda pode existir. Você fechava a cara logo depois, quase escondendo os lábios e as bochechas coradas – porque cismava em achar que não merecia sorrir no meio daquele caos. Mas é assim: a gente costuma achar que merece menos do que de fato é.
Resolvi anotar palavra por palavra bonita que você dizia. Escrevi quatro poemas com elas, brincando com a sua tonalidade ora xingando o mundo, ora bendizendo aos céus. Você precisava se enxergar de fora para notar a primavera que se aproximava em ti com o passar do frio.
Te disse em quatro manhãs seguidas que a sua alegria chegaria quando você parasse de vender o próprio coração para coisas tão pequenas.
Porque ele dizia te amar, mas não era o suficiente para te fazer sentir amada. Porque ele até anotava na agenda os compromissos contigo, mas insistia em desmarcar de última hora porque o conforto do sofá era mais agradável que uma noite caminhada no parque. Porque você quase acreditou que a culpa de todas as relações erradas até aqui eram suas.
E eu fiz isso uma vez também.
Quando notei que a felicidade chegaria depois da dor, resolvi colar o curativo e sair a caminhar para pegar um pouco de ar. Você precisava ver a liberdade que é sentir a ferida arder pela solidão de um mundo que se movimenta ao redor.
Sempre que nos prendemos a um esboço de amor que nos priva de ser quem somos, ficamos assim: com o mundo paralisado.
Eu contei os segundos do teu sorriso porque era a primeira vez que me apaixonava desde a minha liberdade. Você, por sua vez, ainda pedia alforria. Então eu precisava te convencer de que dá para ser feliz do lado de fora da cicatriz.
Às vezes o amor calha de deixar marcas, sim. Mas ele surge de um jeito novo para ser o antídoto do estrago que outrora fez.
Quis ser essa cura para você.
Júlio Hermann
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