Seu coração não merece este amor de migalhas

(Leia este texto ao som de Bloodbank)

Se você ousar colocar na balança quem você era no passado e quem você é agora, suas malas vão implorar por serem arrumadas. Vai ser melhor deixar as roupas novas no armário e priorizar levar as velhas, porque quem você foi nos últimos meses não era exatamente você. E é essa parte que precisa ficar na gaveta.

Houveram duas manhãs em que você me ligou assustada dizendo que achava que não dava mais. O medo de ter que encarar um amor que já não existia te devorava. O carinho dele no seu rosto, as flores no fim do expediente, o japa que vocês comiam todas as quartas-feiras antes do futebol: nada era sobre vocês. Ele nunca gostou de esporte, você sempre escolheu pizza quando precisou pedir comida pelo celular. Mas era mais cômodo: com o barulho da torcida, vocês não se ouviam; com as luzes baixas do restaurante, vocês mal conseguiam enxergar os detalhes um do outro.

Lembro das tardes de conversa fiada na roda de amigos. Quantos elogios você ouviu pela pessoa boa que ele era? Uns trinta? E eles tinham razão. Mas a gente às vezes cai na ilusão de achar que toda pessoa boa é boa pra gente. E isso não é exatamente assim.

Todo o esforço dele por dar o amor que você queria resultava em migalhas de felicidade ao seu coração. Precisava haver alguma coisa de errado no fato de você se alegrar quando o seu celular tocava e era o banco oferecendo um cartão novo, só para não precisar ouvir a voz dele ainda ao meio dia. Quantas manhãs você o evitou, mesmo o encontrando todos os dias?

O seu esforço por dar amor, também, mal fazia cócegas na pessoa que ele era. Vocês queriam, queriam muito gostar um do outro de um jeito que desse para construir uma vida de verdade daquele 4 de outubro em diante, mas não era possível.

Porque tão ruim quanto um amor que não corresponde é um amor que não se ama.

E esses eram vocês: duas pessoas boas que insistiam que insistiam em se convencer de um amor que nunca foi dos dois.

O seu coração merecia mais. O dele também.

Júlio Hermann


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