(Leia este texto ao som de Moving On)
Eu passei a noite inteira em claro pensando sobre como você poderia estar. Meus pulmões pesando por uma respiração aflita não falavam nada daquilo que éramos. As ruas da cidade com suas lâmpadas queimadas não iluminavam minha escuridão. Mas eu acreditei que você ficaria bem.
Duas manhãs seguidas de sol foram necessárias para que eu abrisse os meus olhos de uma vez por todas. Quanto tempo eu precisaria esperar para te tocar de novo? Quantos dias e quantas noites correriam no meu relógio até que o som da tua voz fosse audível em algum canto da cidade outra vez?
Me perguntei isso algumas vezes naquelas mesmas horas.
No silêncio do meu quarto, eu sabia que você ficaria bem. Talvez com um sorriso diferente do outro lado da montanha. Quem sabe com a voz um pouco mais embargada que o normal; sentindo frio ou um pouco de fome, porque essas viagens costumam exigir da gente uma resistência que nem sempre conseguimos dar.
Rezei por ti enquanto estava deitado. Seria necessário um único raio de sol ultrapassando a veneziana do quarto para eu saber que você estava bem. Choveu naquele dia, mas eu ainda assim tive certeza.
Meu coração parou de palpitar depois da primeira notícia da manhã. Meu sorriso se abriu depois de a primeira foto sua gritar na tela do meu celular. Minhas pernas deixaram de ficar inquietas depois da primeira vez que eu ouvi tua voz naquela semana.
Em um lugar onde eu não conseguiria me fazer ouvir ainda que gritasse, você começava a abraçar uma vida nova. Arrancar as folhas do calendário era só uma maneira simbólica de materializar a passagem de quem você foi para quem é agora.
E isso é bonito. Passar a viver sempre tem uma beleza irremovível.
Me alegrei por isso.
Passei a noite em claro porque sempre se quer o bem de quem se ama, de perto ou de longe. E eu soube que você seria feliz no exato instante em que um consolo imenso invadiu meu coração e sussurrou teu nome.
Que a vida seja bonita, pois. Que os sorrisos sejam mais numerosos que suas dores. Que as noites escuras se dissipem com o amor de uma manhã de sol.
E que seu coração sempre lembre que, do lado de cá da montanha, tem um lugar para repousar no meu.
Júlio Hermann
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