(Leia este texto ao som de Sometimes)
Eu lembro exatamente de como estavam os teus olhos na primeira vez em que eu te vi. Meu coração poderia ter sentido uma leve arritmia ao perceber que você existia de verdade. Era o fim de uma espera de meses incontáveis indo dormir sem ter com quem partilhar a vida. Não era carência amorosa, não, viu? Apenas saudades de afeto sincero.
Ter apanhado da vida me fez perceber a importância de se ter alguém para amar sem segundas intenções. Eu percebi isso em ti no dia em que você jogou a verdade na minha cara, não se importando tanto com o que eu ia pensar, mas com a mudança que ela causaria em mim. Eu admito: aquele foi o jeito mais caridoso e doloroso que alguém tem de dizer que o outro precisa de ajuda, que é melhor ir ao médico e dar um basta nisso – por isso meu coração aprendeu de pronto.
Contigo eu descobri uma vida que vai além do pôr-do-sol no fim da tarde. Nossas noites de cinema, as madrugadas contando o número de cigarras cantando no quintal, as cervejas que tomamos enquanto assistíamos a filmes de terror no sofá da sala. Eles nunca foram capazes de nos botar medo, lembra? Mas te perder me apavorava.
Minha espinha gelou quando foi a minha vez de dizer que você estava errado, que não era sinal do Amor de Deus na minha vida quando agia daquele modo. Fechei os olhos de medo da sua reação, mas você só sorriu e agradeceu por preferir o seu bem ao seu amor em reciprocidade.
Aprendi mais sobre o amor ali.
Numa tarde dessas, na praça, quando lembrávamos de quando nos conhecemos você me olhou com aquele mesmo olhar. Na profundidade dele eu aprendi o valor de uma amizade verdadeira.
Você me pedia apenas para ser melhor, isso te agradando ou não. Suplicava para eu não me deixar afundar nos meus próprios erros. E isso era bonito pra caramba, sabia?
Bonito a ponto de, daquele instante em diante, tornar fácil para caramba o ato amar e comemorar a vida todos os dias – apesar das fraquezas que eu ainda precisaria superar.
Júlio Hermann
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Até onde o amor alcança
“UM DIA VAI SER AMOR A PONTO DE O CORAÇÃO NÃO PRECISAR CONVENCER O CÉREBRO DISSO.
ATÉ LÁ EU ARGUMENTO”.
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Créditos da foto aqui.