(Leia este texto ao som de Spend It With You)
Eu descobri que te amava numa quarta-feira de inverno, quando o vidro da sala embaçou pela diferença de temperatura entre o lado de dentro e o lado de fora. Você sentou ver a vida comigo, com a xícara de café em uma mão e os dedos marcando o vidro com a outra.
Minha respiração permaneceu calma naqueles minutos. Meus pés tremiam só de pensar na temperatura do lado de fora. Eu queria poder permanecer trancado naquele mesmo espaço-tempo sempre, evitando o choque térmico que acordar pro mundo causaria no meu coração.
A minha memória ficou marcada como tatuagem por muitos dias. Você me ensinava o que era viver a vida com o coração em uma mala, pronto para pegar um voo se fosse preciso para tirar o amor da imaginação e colocá-lo no plano real. Eu admirava sua coragem, queria ter igual em mim. E acho que nisso os teus olhos completavam o meu.
Os quatro fins de semana seguidos que passamos juntos na casa dos seus pais causaram efeitos colaterais em quem eu era. Primeiro, porque já não era possível olhar a vida com a ótica de antes. Segundo, porque te olhar por perto passou a ser um presente constante para a vida que eu estava levando.
As manhãs que sucederam aquelas que passamos juntos imploravam que eu colocasse em prática o amor que aprendi contigo. Dois corações surrados tentando se reconstruir: era isso que nós éramos. No cinema de domingo à tarde, nas caminhadas de quinta-feira pela manhã, nos cafés de sábado à tarde e nas cartas que eu te escrevi para enviar por correio. Todos eles se tornaram resumos de como a vida poderia ser bonita do teu lado.
Eu deduzi que te amava na primeira vez que tua mão tocou a minha no aeroporto. Aquele lugar não era meu, a cidade não era a minha, meu corpo estava quilômetros incontáveis longe do meu quarto. Mas eu me senti em casa.
Talvez pelos teus olhos que me contemplavam. Talvez pelo teu jeito meigo que contrastava o meu.
E nunca antes estive tão certo do que o instinto do meu coração acusava, até construir uma vida com você.
Júlio Hermann
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Até onde o amor alcança
“UM DIA VAI SER AMOR A PONTO DE O CORAÇÃO NÃO PRECISAR CONVENCER O CÉREBRO DISSO.
ATÉ LÁ EU ARGUMENTO”.
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Créditos da foto aqui.