Eu te amei tão pouco no fim de tudo

(Leia este texto ao som de In My Blood)

Eu fiquei um domingo inteiro pensando em como ser sincero com aquilo que estávamos sendo. Não seria justo, nem para o meu coração, nem para o teu, que eu permanecesse vivendo de um jeito que escondia do teu peito e da tua consciência que eu já não queria mais.

Minhas mãos chegaram a tremer na hora do almoço, enquanto eu levava o garfo à boca. Eu demorei meia hora para pegar no sono e dormir não mais do que quinze minutos quando deitei à tarde para descansar a semana. Vi meu coração disparar enquanto via o sol despencar no fim da tarde, pelo simples fato de uma nova semana iniciar o ciclo todo de novo.

Você tinha algo que eu já não conseguia manter em mim. Não era necessariamente má vontade minha, mas uma doída incapacidade de corresponder àquilo que você me pediu e eu não tinha como dar. Não daquele modo, com aquele teu jeito rotineiro de dizer que me amava – e que já não era como antes.

O que nós éramos ficou impregnado em mim a ponto de eu repensar diversas vezes como resolver a falta de amor que me devorava. Primeiro, me mantendo perto de ti até tarde. Depois, doando um feriado inteiro da minha vida a você. Mas eu não queria mais colocar nós dois goela abaixo, pelo simples fato de que nem você nem eu merecíamos crueldade dessas.

Cheguei a guardar o amor que restava intacto em um canto para ver se encontrava motivo para continuar, mas não aconteceu.

Você continuava sendo incrível, só queria de mim um amor e uma entrega que eu já não era capaz de ofertar. Eu poderia me esforçar, gastar noites em claro tentando colocar na minha cabeça que ainda era preciso estar contigo. Te levar pra jantar numa segunda qualquer, num restaurante do centro que os dois gostassem. Mas seria sincero? Digo, é desse tipo de afeto que você precisava de mim?

Engoli em seco a comida, deixando o resto que caiu no prato parado até esfriar. Eu já não sabia se podia continuar te amando assim, como alguém presente; como o alguém para quem devo olhar depois de acordar. Algo em nós carecia de chamas; eu não sabia como aquecer.

Eu não queria te deixar assim, nunca quis. Mas talvez nossa hora tivesse chegado.

Que você me perdoe por te amar tão pouco no fim de tudo.

Júlio Hermann


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Créditos da foto: Ekrulila

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