(Leia este texto ao som de Love Will Set You Free)

Eu fui dormir dezenas de noites pensando em como seria a vida contigo. No meu coração, de alguma forma, eu recapitulava as memórias que eu tinha de ti como células que compunham meu corpo e não morriam com o passar das estações. Sua voz estava impregnada de um jeito que eu não queria limpar.

Nossos cafés da manhã de domingo existiram por manhãs inteiras no meu coração, enquanto eu ainda decidia se era merecedor de amor tão puro e belo. Não era, acho. Não sou. Mas que amor vive de méritos em um mundo como o nosso?

Quis correr para os teus braços no fim do expediente, por já não aguentar estar longe de ti um dia inteiro. O ideal de estar contigo uma vida passou a ser o grande conforto do meu coração, ainda que eu não tivesse certeza do que viria a ser de nós.

Eu queria tocar o que seríamos. Abraçar o que ainda não tinha chegado. Adiantar o relógio dias incalculáveis no tempo para não perder tanto tempo assim esperando.

Você sorria enquanto me esperava há tanto tempo, com o coração aberto e cheio de amor. Quis te apertar junto ao meu peito, para deixar as batidas dele comunicarem a saudade que eu estava sentindo enquanto ainda esperava o nosso futuro chegar.

Se eu não tivesse contado as horas para estar contigo, provavelmente meus dias teriam sido bem mais pesados. Eu nem merecia. Nunca merecerei, para ser sincero comigo mesmo. Mas teu amor nunca pediu mérito ou correspondência ao meu.

Por isso a saudade.
O desejo de estar junto.
A vontade de te levar no peito.

Pelo que viríamos a ser se eu decidisse que amar poderia transformar completamente a minha vida.

Júlio Hermann

Créditos da foto: VisionPic .net