(Leia este texto ao som de I Look To You)
Os meus medos foram embora depois de um minuto de silêncio. Eu precisava entrar em mim por um tempo que fosse suficiente para encontrar o que realmente importa e me faz seguir caminhando. Precisava colocar os meus dedos em contato com superfícies do meu peito de um jeito que fosse calmo o suficiente para perceber as batidas.
Tua voz gritava em mim.
Nas noites que demorei para pegar no sono por conta do trabalho ou da faculdade, eu senti como se estivesse me encaminhando para o meu fim no dia seguinte. Não queria que os minutos passassem. Tinha pavor de carregar o peso que caía sobre os meus ombros por medo de que não me edificasse, só ferisse. Mas eu estava errado.
Eu não respeitava tanto os meus processos e acabava por voltar o olhar com desprezo para quem tinha as mesmas fraquezas que eu. Não suportava olhar no espelho e perceber que faltava tanto para que eu fosse quem deveria ser, como se os passos que eu já tinha dado de nada valessem. Bobagem, né?
Amei errado naqueles dias, enquanto aprendia o que fazer com meu coração que ainda se recuperava de pancadas. Fiquei trancado em casa, como que à força, para descobrir quem era; para dar rumo a quem sou; para encontrar um caminho. E Te encontrei em mim.
No silêncio do meu coração, Tu me esperavas. Ouvia minhas dores, acalmava minhas tempestades, entendia cada reclamação que eu fazia – mesmo que talvez resolve-las não fosse o melhor para mim. E ouvir Tua voz foi suficiente.
Quis vigiar conTigo uma madrugada inteira, enquanto meu coração balançava entre abraçar quem Tu és ou continuar sendo quem eu insistia burramente ser. Eu sabia que precisava ser melhor, nem que fosse um passo adiante por dia, nem que eu resistisse ainda muito em tentar.
Porque eu insistia manter em mim o que me puxava sempre para baixo, entende? Pela simples a ilusão de estar sendo feliz, me contentando com as migalhas do amor.
Quando as pernas minhas pediram descanso e meu coração precisou de um lugar para repousar em calma, deixei os restos de lado para mergulhar na imensidão que Tu eras. Eu precisava escutar Tua voz gritando dentro de mim, nem que fosse para me fazer fechar os olhos e respirar com calma; nem que fosse apenas para mover minhas pernas a continuar.
Teu sepulcro estava vazio, eu estava em reconstrução.
Era só mais uma semana que iniciava, como tantas outras haviam feito nas minhas duas décadas e tanto de vida, mas eu precisa escolher amar. Para que o futuro fizesse sentido ao meu coração, onde Tu estavas – e permanece.
Escolhi o Amor, então.
Júlio Hermann
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Até onde o amor alcança
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Crédito da foto: aqui.