(Leia este texto ao som de Circles)
Você achou que seria dessa vez. Porque o silêncio não incomodava nem causava calafrios no apagar das luzes. A respiração dele era agradável no assento ao lado no sofá. O cardápio de sábado de vocês combinava. Você gostava tanto quanto ele de caminhar pelo calçadão no fim de tarde.
Sua mente achava que o amor tinha finalmente se tornado uma ciência exata, onde os números não enganam sobre a viabilidade de dar certo. Da distância em passos da sua casa a dele, dos quilômetros que separavam a casa dos seus avós dos primos que ele costumava visitar em todos os domingos. Vocês iam de um lugar a outro em menos de 15 minutos, lembra?
A sua mão na dele no trocador de marchas do carro.
Os teus olhos sobre os dele quando vocês se separavam no supermercado para pegar nas prateleiras o que faltava.
As mensagens enviadas logo depois de acordar.
Você achou que seria dessa vez porque a fé de vocês era compatível, tanto na confiança segura no Anjo da Guarda, como nas preces que vocês faziam em frente a Sacrários. Também, para aumentar a compatibilidade, combinavam os gostos literários e os filmes em plano sequência que costumavam assistir juntos em noites frias de dias úteis.
Quase matemático, como o amor não é.
Você achou que seria dessa vez porque ele era uma pessoa boa e você o era também. Porque os dedos encaixam nas mãos que vocês davam para atravessar de um lado para o outro da rua. Porque os seus sonhos eram compatíveis com os dele mesmo quando vocês pareciam discordar de alguma coisa importante.
Tudo beirando a simetria perfeita.
Mas o amor nunca foi isso. Não só.
Júlio Hermann
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Até onde o amor alcança
“UM DIA VAI SER AMOR A PONTO DE O CORAÇÃO NÃO PRECISAR CONVENCER O CÉREBRO DISSO.
ATÉ LÁ EU ARGUMENTO”.
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