(Leia este texto ao som de Moving On)
Me olho no espelho e respiro fundo. Fecho os olhos, inspiro e expiro três vezes em sequência antes de dar passos. Eu sinto medo de algumas coisas que estão por vir. Porque minha mente é fraca e às vezes o coração balança. Foge do meu controle e da minha mania de onipotência. Eu queria, mas não tenho como evitar dores nem como projetar uma paz ininterrupta, porque a vida calha de ser assim.
Ainda bem, já que não é isso o que eu preciso.
O medo sempre foi o grande motor de transformação das nossas vidas. O de perder um amor. O da consequência futura das nossas escolhas. A fuga das incertezas. O se jogar no escuro na esperança de ser feliz, porque a calmaria eterna enlouqueceria a gente. Cada uma dessas coisas foi responsável por gerar um movimento novo em nós.
Por que eu abriria mão dele então? Antes enfrentá-lo que deixá-lo de lado, né?
No meu caso, o medo que eu costumo ter é de não ser capaz, porque eu sou impaciente. Não consigo parar quieto, fico caminhando de um lado para o outro enquanto o tempo passa. Eu raramente perco o sono por alguma coisa, mas eu sou um hiperativo nato. Se minhas mãos estiverem vazias, eu preciso me movimentar de alguma forma.
A grande sorte foi que nos últimos anos eu tive certeza de que não era capaz de fazer a maioria das coisas. Mas, ao mesmo tempo, percebi que a necessidade capacitava a gente. Bastava dar o primeiro passo e continuar caminhando. Se pararmos para pensar, quando nascemos nós não éramos capazes de quase nada. Mas o crescimento e a necessidade de independência nos fez dar um jeito.
É assim com quase tudo na vida.
Anos atrás, eu não era capaz de escrever um livro – mal ler eu lia. Não era capaz de permanecer alguns minutos em silêncio – porque o vazio me devorava. Não conseguia enxergar muito além do meu umbigo – mas aprendi a enxergar o outro.
E assim as coisas foram acontecendo.
Uma vida com paz ininterrupta, como minha mania de onipotência sempre quer, significaria a quebra desse desenvolvimento. Que bom que as coisas não são como eu quero. Bendito seja o medo que nos faz caminhar para onde devemos ir.
Júlio Hermann
*Meu novo livro já está à venda em todo o Brasil. Se você gostou deste texto, tem grandes chances de se identificar com ele.
Até onde o amor alcança
“UM DIA VAI SER AMOR A PONTO DE O CORAÇÃO NÃO PRECISAR CONVENCER O CÉREBRO DISSO.
ATÉ LÁ EU ARGUMENTO”.
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Quanta sensibilidade! Estou simplesmente honrada em ter lido essas linhas. Agora posso começar em paz o meu 2020. Obrigada por existir!
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Lindo demais!
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