(Leia este texto ao som de Clown)
De vez em quando eu me pego sonhando com perspectivas de futuro que não são exatamente reais. Coloco sonhos no papel, calculo probabilidades, olho para trás na esperança de que o passado tenha as respostas que o meu coração pede no processo.
Geralmente tem, mas não tenho certeza se escuto. Eu estou prestando tanto atenção no que vou fazer que esqueço de olhar o caminho já percorrido atrás de mim.
Às vezes nós temos a mania de querer fazer da vida inteira um amontoado de momentos presentes, projetando o futuro como consequência completa do agora. Importa o que estamos fazendo, os passos a seguir, o esforço que colocaremos para sermos felizes daqui por diante… Eu concordo com isso, confesso. Mas existem mais coisas que carecem da nossa atenção.
Nos últimos tempos, eu parei para olhar com mais caridade para a história que me constitui. Diferente das outras vezes em que eu havia tido a coragem de revirar as gavetas, tentei não olhar para as dores e desafios como fantasmas capazes de me tirar o sono. Deixei que gritassem e se fizessem ouvir. Ao mesmo tempo, não coloquei os sorrisos como troféus na estante da sala.
Cada momento, pessoa, conquista, dor e perda que nós vivemos até aqui foram fundamentais para o que nos tornamos, né? Acho que todos nós concordamos com isso. Mas, essa mesma bagagem é fundamental para que sejamos ainda mais honestos e felizes lá na frente também.
Então, de vez em quando faz bem olhar para trás…
Revirar as memórias causa uma série de angústias na gente, eu sei. Mas, ao mesmo tempo, se aprendermos a convidar nossos monstros para uma conversa franca sobre o que passou, o passado pode nos ensinar muito mais do que já fez até aqui.
Dói, incomoda, pinica um pouco. Mas, de uma forma ou de outra, somos exatamente aquilo que encontramos nos nossos arquivos particulares.
Eu, por exemplo, de vez em quando me pego abraçando o passado como se ele fosse o meu futuro inteirinho, sabe? E ele é, de certa maneira. Quem eu serei será resultado das lições que eu fui capaz de aprender no processo. O agora também será passado um dia.
Júlio Hermann
_
*Meu novo livro já está à venda em todo o Brasil. Se você gostou deste texto, tem grandes chances de se identificar com ele.
Até onde o amor alcança
“UM DIA VAI SER AMOR A PONTO DE O CORAÇÃO NÃO PRECISAR CONVENCER O CÉREBRO DISSO.
ATÉ LÁ EU ARGUMENTO”.
PARA COMPRAR:
Livraria Cultura (menor preço)