(Leia este texto ao som de Hold You In My Arms)
As coisas que você me disse em janeiro passado nunca passaram exatamente pelo meu corpo. O meu estômago demorou longos dias para digerir. Não era como se fosse a primeira ou a última vez, era só que era. Não é mais.
Eu precisei de dois invernos inteiros para entender aquilo que nós fomos naquele espaço-tempo. Os aviões que eu peguei para te ver, as vezes que você me buscou no aeroporto, as tardes que nós perdemos caminhando pela Paulista sem saber exatamente o que fazer da gente. Nós nunca soubemos o que aconteceria, lembra? E era exatamente isso o que me prendia a ti.
Eu queria respostas. Você queria viver.
Minha cabeça correu noites e mais noites atrás de sentenças que justificassem o que éramos enquanto meu coração pedia um pouco de oxigênio para continuar batendo. Você me oferecia em doses homeopáticas. Eu quis você como nunca havia querido coisa alguma na vida, mesmo que teu abraço não encaixasse perfeitamente no meu. E senti ciúmes por toda pessoa que cruzou o olhar com o teu em esquinas da maior cidade do Brasil.
Acho que é assim na maioria das vezes, né? Nós percebemos a incompatibilidade, a falta de encaixe dos corpos, as divergências de pensamento e a diferença dos ideais que nos movem pelo mundo… Mas isso nunca é motivo para deixar de lado.
Li uma vez que o amor suporta tudo. A falta de afeto, reciprocidade, coragem de jogar as coisas todas para o alto e se arriscar de uma vez… Mas será que suporta também a falta de espaço que o vazio deixa dentro da gente?
Doeu quando eu pisei no terminal de desembarque e não havia você. Doeu quando eu precisei fazer check-in em um lugar novo porque você já era casa. Doeu quando eu precisei ligar para saber como estaria sua vida, já que os meus recortes de jornal não mais falavam do teu rosto.
Meio ano depois, eu ainda me arrisco a olhar para trás. Permito que novas pessoas cheguem, vejo o passado por um outro ângulo de visão, me permito correr entre o meio-fio e as calçadas na esperança de absorver um pouco de oxigênio e me salvar do que um dia me deu vida.
Mas não é como se atasse as pontas soltas.
As coisas que você me disse no verão passado nunca passaram por mim. Talvez, por isso, você não tenha passado também.
Júlio Hermann
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Até onde o amor alcança
“UM DIA VAI SER AMOR A PONTO DE O CORAÇÃO NÃO PRECISAR CONVENCER O CÉREBRO DISSO.
ATÉ LÁ EU ARGUMENTO”.
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