(Leia este texto ao som de Umbrella)
meu peito teria dado um jeito de encontrar o teu se você não tivesse aparecido naquela sexta-feira de inverno dizendo que sentia frio. eu também notava os pelos do meus braços acusando-se em uma inquietação estranha. fazia pouco mais de quatro graus nesse extremo do país, mas isso não importava.
era como olhar para o lado de fora da janela e visualizar liberdade, sabe? meus olhos conseguiam enxergar além do teu corpo físico: você não tinha medo do mundo e queria viver; viajar os países, escutar outros sons e aprender uma língua diferente das que costumamos arranhar por aí.
na manhã seguinte, eu me perguntei o que aquilo tudo queria dizer. acho que a gente sempre busca por um norte mental quando as coisas acontecem diferentes de como esperamos, né? e eu procurei. olhei em volta. tentei identificar detalhes que explicassem a bondade da vida em te colocar naquele espaço-tempo comigo.
horas depois você me disse que sentia um pavor enorme de ver a vida passar enquanto permanecia parada, por isso corria. eu entendi a angústia enquanto identificava em mim o que havia de parecido contigo. não era muita coisa, era? mas isso não me fez gostar menos de ti.
a gente sabe que encontrou alguém especial quando as diferenças agregam, já percebeu? eu programando o fim de semana seguinte, seu peito pedindo calma enquanto o tempo passava e os dias tratavam de aproximar ou afastar a gente… mas nada disso importava muito. importava o que estávamos construindo ali.
o que estamos construindo aqui…
no fim das contas, te encontrar foi como olhar o espelho e enxergar alguém diferente. meu peito teria dado um jeito de esbarrar com o teu por aí, nem que fosse te inventando. numa sexta ou quarta-feira, com ou sem um frio gelado do lado de fora. a inquietação seria a mesma, exatamente a mesma. mas não importaria tanto. não contigo me fazendo sorrir, como tem sido desde então.
Júlio Hermann
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Até onde o amor alcança
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