O que importa e meus olhos não veem

(Leia este texto ao som de I Want To)

Quando não consigo enxergar alguma coisa com clareza, eu costumo fechar os olhos. É estranho perceber na visão a sensação de impotência, quando não se consegue ver o todo. É curioso, sabe? Mas as coisas são assim…

O mais importante de tudo na vida não tem forma nem cor frente ao olhar.

Eu me dou conta disso nos momentos extremos, quando a tristeza ou a alegria se tornam maiores do que aquelas que costumo carregar em mim. Sabe quando bate a sensação de que tudo vai fugir dos nossos braços se não dividirmos o peso e o gosto com alguém? É mais ou menos assim que eu me sinto.

Nas viagens que eu faço – para outras cidades e para dentro de mim -, a saudade é sempre a mesma: do que eu não posso carregar literalmente comigo. Pais, família, amigos, momentos… O que não cabe na mala, entende? Mas não é por não haver espaço físico nela que eu deixo de levar de alguma forma diferente marcada no peito.

O que eu entendi da vida é que existem partes inegociáveis no meio de tanta coisa perecível. Se pudesse, eu pararia o mundo em cada momento que tenho com quem amo. Mas, como isso não é possível, tento usar cada pequeno momento da minha existência limitada para fazer o que realmente importa.

No meio dos compromissos, dos boletos, da conta bancária e todas essas realidades sem cor, a única coisa que importa é invisível aos meus olhos, mas claramente concreta ao meu coração.

Tanto faz os números, pouco importa o que pensarão de mim quando cruzarem com meu pequeno corpo em alguma esquina qualquer… O que isso tudo vale ao meu peito quando comparado ao que já faz morada aqui dentro?

Nossos olhos enxergam mal, nosso tato sente o mundo de uma maneira não tão real assim… Importam os sentidos do coração, que não conhecemos por sua forma ou cheiro, mas juramos de pé junto que existem.

E existem.
São eles os responsáveis por nossos breves momentos de felicidade nessa vida.

Quando meus olhos não enxergam o que precisam, eu os fecho porque sei que o coração é capaz de visualizar melhor o todo.

Nele não estão só os meus olhos, mas de todos aqueles que se permitiram cativar ou cativaram minha vida. Juntos, conseguimos ver o mundo com mais clareza. O resultado é tempestades acalmadas, ventos mais sutis e o amor mais sensível às pupilas físicas.

O essencial é invisível aos olhos porque o amor calhou de não querer ter forma definida. Mas continua tendo nome, rosto e abraços apertados que transformam nosso ânimo quando as coisas não vão bem.

Júlio Hermann

*texto inspirado em O Pequeno Príncipe.

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