Eu preciso me cobrar menos

(Leia este texto ao som de Falling like the Stars)

A sensação que eu tenho é de impotência. Procuro qualidades, vasculho detalhes do meu corpo para entender em que parte de mim habita a força de vontade que eu tanto prego por aí. Encontro nada. Me olho no espelho com os olhos cerrados e uma expressão facial de quem está pronto para o combate mas não sabe em qual trincheira se esconder.

Às vezes a minha cabeça é uma bomba-relógio.

Eu costumo me cobrar demais por não enxergar as coisas saindo como eu gostaria. Me coloco contra a parede por estar deixando a desejar no trabalho ou no convívio com os amigos que preenchem meu coração. Ponho a mim mesmo no menor dos lugares do mundo por não me sentir digno de ocupar posições maiores e mais confortáveis.

Você sabe como isso funciona, né?

Eu tenho uma mania gigante e burra de querer controlar o mundo. Quero, na maioria das vezes, fazer tudo com maestria como se não fosse um ser humano sujeito ao erro. Calculo probabilidades, imagino futuros possíveis como se estivesse com a joia do tempo em posse e também fosse capaz de visitar quatorze milhões de possibilidades diferentes em busca da ideal. Mas as coisas não funcionam assim. E isso me frustra.

Não são poucas as vezes na vida em que eu coloco os meus erros acima de mim, como se eles fossem mais importantes do que todo o resto do meu ser; como se eles verdadeiramente tivessem valor a ponto de ocuparem minha cabeça da forma como tem feito.

Isso faz com que de vez em quando eu precise parar para olhar com um pouco mais de caridade para mim.

Lendo o livro de um amigo na semana passada, eu levei um soco no estômago ao perceber outra vez que eu sou maior do que qualquer um dos erros que fazem parte da minha personalidade. Na medida em que eles existem, meu coração carrega uma dúzia de outras qualidades que fazem o resto todo ganhar algum sentido. Por que se cobrar tanto, então?

Eu quero poder dar os passos que sentir que devo, apesar do medo de nem tudo sair como eu espero. Abraçar as oportunidades com o coração lotado de esperança de que tudo vai sair bem, ainda que não aconteça exatamente assim. Quebrar a cara em uma segunda-feira de manhã e me abraçar na dor ao longo do dia antes de entender que isso não é o fim de tudo.

Feliz ou infelizmente, o mundo não depende de mim. Entender isso é o primeiro passo para que eu mesmo não me crucifique por não ver tudo cem por cento bem na minha vida o tempo inteiro. Olho para o céu e peço perdão por todos aqueles que feri sem intenção. Tudo ficará bem, eu acho…

A sensação que eu tenho é de esperança. Ainda que eu nem sempre enxergue com clareza as qualidades que há em mim, elas existem aos montes, assim como em você.

Quem sabe a solução para tudo esteja em nos cobrarmos menos e vivermos mais.

Júlio Hermann

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