Se o tempo não corresse

(Leia este texto ao som de Saber dançar)

Se o tempo não corresse rápido demais, talvez aquele instante tivesse sido suficiente para que minha mente entendesse o que significa para o meu peito estar na presença do teu. Eu teria dado dois passos para o lado tentando enxergar o mundo de outra perspectiva – talvez mais bonita, talvez mais real.

Os dias seguintes teriam sido diferentes na faculdade. Eu não reclamaria para as paredes sobre a falta de tempo que eu tenho para diminuir a pilha de trabalhos atrasados e para colocar em dia o tcc. Teria reservado umas duas ou três noites para tomar alguma coisa gelada na esquina de casa, olhando os carros passando apressados do lado de fora daquelas janelas.

Eu também tinha pressa. O tempo ria.

Provavelmente eu teria olhado com mais atenção para a paisagem do lado de fora do carro durante as viagens à trabalho. Eu sinto uma dificuldade absurda de me desligar um pouco do mundo, nem que seja por alguns minutos. A quantidade de coisas me devora às vezes, estando eu em casa ou na estrada. Quem sabe, se houvesse mais tempo…

A minha mente teria agradecido por aqueles minutos de trégua enquanto eu observava a maneira com que nossas vidas têm corrido contra os ponteiros do relógio sem grande culpa. Em algum momento eu parei de me cobrar tanto pelas minúcias que me cercam, mas isso não diminui o número de compromissos na minha agenda.

Você também, não?
Você também sofre por uma vida que não cabe em 24 horas, né?

Eu teria te contado menos coisas importantes nas noites sequentes. Teria limitado o meu discurso aos filmes que eu tenho assistido nos intervalos de almoço, aos lugares da cidade para os quais eu caminho em tardes de domingo e aos quatro-cinco-seis livros diferentes que eu começo a ler ao mesmo tempo.

Mas a vida passa mais rápido do que eu consigo calcular.

Se não fosse o tempo correr tão depressa e me arrastar com ele, talvez eu tivesse te dito algumas coisas que eu só percebi no silêncio do meu quarto dias depois. Você teria rido, eu acho. Eu teria esquecido completamente que o relógio continua a nos levar com ele.

E teria sido bonito. Como tudo com a gente.

Júlio Hermann

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O lançamento oficial acontece neste sábado,  6 de Abril, na Saraiva do Pátio Paulista (São Paulo/SP), a partir das 16h. Te espero lá com um abraço!

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