(Leia este texto ao som de The Climb)
De vez em quando eu sinto uma dificuldade imensa de me perdoar. Assim mesmo, como se minha vida inteira até aqui tivesse se moldado em consequências para a realidade que me cerca hoje. Como se não houvesse saída.
Mesmo eu sabendo que sempre há.
A culpa disso é de uma humanidade parcialmente cega que habita meu peito e se cobra demais na maioria das vezes. Como assim as coisas não estão todas sob o meu controle? Como eu não posso tudo? Por que tudo conspira para que as coisas não deem certo?
Não é exatamente assim.
A raiz do problema está no meu coração, que insiste em olhar com mais caridade para o outro do que para si mesmo. Calma, não há nada de errado nisso, mas o mesmo perdão que emana do meu intrínseco e atinge com amor o outro não costuma curar as minhas próprias dores.
Por mais que eu bata no peito e confesse cada um dos meus pecados, na maioria das vezes é difícil digerir a culpa e lidar com as consequências sentimentais que minhas atitudes causam em mim e nos outros. Talvez a culpa seja de uma soberba burra que colocou no meu coração a crença pobre de que eu sou um imortal qualquer que é capaz de passar pelo campo minado do erro sem pisar em bombas.
Bobagem. Nós sempre erramos.
Quando isso tudo acontece, o que eu tento dizer para mim é que eu sou só um ser humano como outro qualquer, cheio de máculas e barreiras que devem ser traspassadas sempre. E isso não me faz maior nem menor do que ninguém.
Enquanto eu estiver na terra, o erro vai estar a um passo de mim. E está tudo bem quanto a isso. Se não fossem por eles, talvez nunca nos tornássemos verdadeiramente humanos nem teríamos crescido tanto até aqui. Não é?
Apesar da dificuldade, é disso que tento me convencer.
Se você passa por essa mesma dificuldade, tente se olhar no espelho com o olhar amoroso que você costuma olhar para os outros quando os perdoa. Você não merece menos perdão que eles, viu? Nem eu mereço.
De vez em quando nós nos colocamos no posto de piores pessoas do mundo, mas as coisas não são bem assim.
Feliz ou infelizmente, os erros sempre farão parte de nós nesta terra. Que façamos deles uma escada para sermos pessoas melhores no futuro. Quem sabe não ganhamos o céu?
Júlio Hermann
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