(Leia ao som de Back Down South)
De vez em quando é bom que eu me desmonte inteiro para ver se consigo me erguer como fortaleza mais sólida. Geralmente acontece depois de momentos de angústia, enquanto a pele ainda arde. É impossível não sentir nos poros, rins, coração, fibras. Mas faz bem no fim de tudo.
Aos poucos eu vou me reconstruindo.
Eu preciso me permitir isso para compreender os amores que me cercam, dos românticos aos amigos. É necessário para que eu perceba que a vida é real, tanto na carne como na minha mente. Se não eu acabo vivendo dentro de uma ilusão que se faz real só nas fotos do pinterest que eu enxergo pela tela do meu celular.
Preciso acreditar que não conheço todos os gostos das pessoas que passam pela minha vida, para cair feito ficha no mundo que me cerca. Se eu notasse no paladar o que é doce e o que é amargo em plenitude, que graça teria continuar a descoberta do mundo? Se teu abraço fosse menos apertado e me segurasse em um espaço menor que o tamanho do universo, de que adiantaria continuar o contato dos corpos?
Por isso eu busco ser honesto em tudo comigo e com os outros, ainda que eu falhe muitas vezes. Honestidade é tudo o que eu preciso para me revirar do avesso atrás das partes de mim sobre as quais ainda não tenho plena consciência. Me virar ao contrário, ao mesmo tempo, é o único caminho para que eu seja eu mesmo. Como é possível ser a si sem se conhecer de cabo a rabo?
Agindo assim, tentando melhorar um pouco mais todos os dias, talvez eu faça da minha vida uma constante oração. Vai saber.
Eu te agradeceria se você me segurasse por um tempo. Me abraça, me toca, me prende entre teus dois braços e o teu peito e sente o que palpita aqui dentro, por favor. Dia desses meu braço vibrava sozinho por excesso de energia no organismo. Me ajuda a mandar embora um pouco do que sobra se aventurando por aí?
Nos beijos, nos toques, nas coisas que eu nunca disse por não ter certeza, nas coisas que eu disse sem ter certeza e me custaram noites de sono depois, eu vou me moldando aos poucos para ver se me torno mais forte. Às vezes eu erro por ser grosso com os outros no meio do processo, por confundir sinceridade com falta de respeito ou menosprezo de alguém. Mas eu juro que me esforço em tudo.
Nada, nada disso é outra coisa se não o desejo de ser uma fortaleza mais forte para que tu possas se apoiar nos momentos difíceis.
Júlio Hermann
_
*Meu primeiro livro já está à venda em todo o Brasil. Se você gostou desse texto, tem grandes chances de se identificar com ele.
Tudo que acontece aqui dentro – cartas de amor nunca rasgadas
“Você lê aquilo que sempre quis dizer a alguém – ou a si mesmo -, mas que nunca teve coragem de tirar de dentro de si.” – Daniel Bovolento, autor de Por onde andam as pessoas interessantes? e Depois do fim.
_
Para comprar:
Saraiva (com 35% de desconto)
Amazon
Livraria Cultura
Martins Fontes
Fnac
Livraria da Travessa
Lojas Americanas