(Leia este texto ao som de Scars)
Uma das decisões mais importantes que eu tomei na minha vida foi a de resolver mergulhar fundo nos escuros que existem em mim. Em meio a tantas coisas cotidianas, eu sentia que havia me perdido. Era necessário parar e analisar o caminho pelo qual meus pés passavam. Fazer isso me parecia o movimento mais sincero e mais perigoso que eu poderia dar.
Me encontrei com fantasmas.
Eu cometi muitos erros em vinte anos de vida. Durante muito tempo, eu não medi as consequências do que fazia. A sensação que minha mente tinha era de que, por mais errado que algo fosse, em algum momento o mundo voltaria a ficar bem à minha volta. Por isso, acabei levando com a barriga a maioria das coisas que compunham o meu ser.
Quantas vezes nós não fazemos isso em momentos de desanimo? Quando algo não ia bem no trabalho, eu preferia ir dormir angustiado a tomar uma atitude que fizesse as coisas se ajeitarem. Na universidade, as engrenagens funcionavam na mesma lógica: eu sabia que carecia de mais estudo, mas estava tudo bem não me dedicar um pouco a mais. O medíocre era suficiente, e pronto.
Por conta desse tipo de atitude, muitas vezes eu me encontrei em um verdadeiro vale de lágrimas, ajoelhado aos pés da vida pedindo um pouco de sabedoria e piedade. Sabedoria foi o que o Rei Salomão pediu ao invés de dinheiro e posses no Antigo Testamento. Era a mesma coisa que eu precisava também. Só assim eu conseguiria discernir e escolher o melhor ao confortável.
Entrar em mim, nesse processo, foi dar de cara com cada uma das minhas misérias e me virar do avesso. Depois de quase dois anos do início disso tudo, eu creio que há muito a ser mexido ainda dentro de mim. No entanto, os primeiros passos estão dados.
Os fantasmas eram todos meus.
Uma das lições mais valiosas que o processo me ensinou foi que o segredo está na forma com que se erra. Cada um dos tropeços da minha vida foram necessários para que se formasse o ser humano que eu sou. Fracassar pode ser uma grande benção se tirarmos proveito disso para o nosso bem futuro.
A verdade é que ainda há muita treva para ser clareada aqui dentro. Mas está tudo bem. Quanto mais eu adentrar no meu próprio ser, mais sinceramente eu serei eu mesmo com o maturar das situações da vida.
Júlio Hermann
_
*Meu primeiro livro já está à venda em todo o Brasil. Se você gostou desse texto, tem grandes chances de se identificar com ele.
Tudo que acontece aqui dentro – cartas de amor nunca rasgadas
“Você lê aquilo que sempre quis dizer a alguém – ou a si mesmo -, mas que nunca teve coragem de tirar de dentro de si.” – Daniel Bovolento, autor de Por onde andam as pessoas interessantes? e Depois do fim.
_
Para comprar:
Saraiva (com 35% de desconto)
Amazon
Livraria Cultura
Livraria da Folha
Martins Fontes
Fnac
Livraria da Travessa
Lojas Americanas
às vezes com intensidade total. às vezes com apenas uma fagulha de vida. autoconhecimento é o que há, no entanto eu descubro fantasmas que não são meus. e isso é assustador para quem se achou no controle a vida toda.
CurtirCurtir