(Leia este texto ao som de Kids)
Parando para analisar a minha vida de um ano para cá, pouca coisa permanece igual. O reflexo no espelho, apesar dos quilos a menos e de todas as mudanças que o tempo trouxe para o meu rosto, é o que menos mudou.
Eu percebo isso depois de me afundar em misérias uma dezena de vezes nesse período. Uma noite em claro, uma dor latente dentro do peito, um sentimento profundamente vazio de não ter chão sob os pés e não sentir nada. Tudo se repetindo e repetindo e repetindo a cada pequeno intervalo de tempo, até eu me dar conta de que tudo era fundamental para moldar quem me tornei.
Às vezes eu tenho a sensação de que cresci dez anos em um. Aprendi a olhar com um pouco mais de caridade para os meus próprios erros, buscando tirar o melhor que eles poderiam me oferecer. Foi um processo doloroso e complexo o de reconhecer que eu estou longe de ser perfeito, mas está sendo libertador com o passar dos dias. Eu, que sempre gritei e bati o pé no chão teimando que não mudaria, estou completamente diferente do que era.
Nesse meio tempo, muitas das pessoas mais incríveis que eu já conheci entraram na minha vida. São amigos que eu tenho a sensação de conhecer há décadas, por mais que eu só tenha vinte anos de idade; sentimentos absurdos por quem aprendi a amar e decidi que estaria à frente de mim nas prioridades da minha vida. Com eles, precisei encontrar uma maneira completamente renovada de enxergar minha própria existência, para poder me dar conta da importância que os outros têm nesse processo.
Com o passar dos meses, eu entendi que era necessário ser um pouco mais calmo, comigo e com eles. Ainda que nem tudo estivesse bom e fosse suficiente para me agradar, eu aprendi a baixar a cabeça em situações que fugiam do meu controle. Me segurei para evitar o estresse excessivo, determinando horários do meu dia para desligar de tudo e manter minha saúde mental de pé. Percebi que era necessário ficar tempos a sós comigo mesmo, já que as mudanças eram absurdas e serão sempre necessárias.
O que tenho feito com mais atenção, no meio disso tudo, é tomar cuidado para não me perder de mim nesse processo. Busco manter minha essência. Afinal de contas, só quem já passou por mudanças sabe como esse processo pode ser torturante. A verdade é que eu não sou o mesmo que era, nem serei daqui uns meses este que agora escreve. No entanto, a luta é por manter no meu coração o mesmo sentimento tímido de amor que o sustenta há tantos anos.
Na medida do possível, acho que tenho conseguido. Mas só porque as fibras do meu coração tem segurado as pontas quando o meu peito ameaça balançar.
Júlio Hermann
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*Meu primeiro livro já está à venda em todo o Brasil. Se você gostou desse texto, tem grandes chances de se identificar com ele.
Tudo que acontece aqui dentro – cartas de amor nunca rasgadas
“Você lê aquilo que sempre quis dizer a alguém – ou a si mesmo -, mas que nunca teve coragem de tirar de dentro de si.” – Daniel Bovolento, autor de Por onde andam as pessoas interessantes? e Depois do fim.
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Querido Júlio você amadurece e consegue transcender a cada texto nos proporcionando momentos de grande reflexão a respeito do nosso eu interior. Cada texto uma mensagem de amor, carinho atenção e solidariedade com o outro. Como é bom ter você como amigo. Um afetuoso abraço.
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