(Leia este texto ao som de Dia Especial)
Eu me dei conta da tua importância quando o silêncio falou mais alto que as palavras do mundo à minha volta. Não que eu não tenha percebido antes, mas era a primeira vez que era assim. Até o fim da vida, todas as coisas podem ganhar um significado ainda mais profundo, já percebeu?
Às vezes eu acho que nossa geração perdeu a capacidade de entender o que o amor de fato deve ser para nossas vidas. Por isso, talvez, maldizemos tanto o sentimento mais bonito que habita nossos peitos.
Amor não era o que nós víamos nas noites em que passávamos em frente a bares abarrotados, já perto de amanhecer outra vez. Nem as folhas caindo ao chão com a ventania dos fins de tarde em praças. Tampouco as duas pessoas caindo de bêbadas saindo do restaurante na esquina de casa – talvez fosse, nós dois nunca saberemos, mas não parecia haver profundidade entre os dois ali.
Eu te conheci em meio às trevas de mim mesmo, enquanto tentava colocar à força para dentro de mim o que não cabia no meu peito. Você, ao mesmo tempo, me contava que recentemente havia encontrado a tal luz no fim do túnel. Dois seres em meio ao breu. Era preciso a perseguir, não era? Sorte nossa que era possível fazer isso juntos.
Contigo eu me dei conta da importância de se ter onde cair vivo. Eu não era nenhum santo ali, longe disso, mas eu estava me esforçando. Você me pediu um pouco de calma e perguntou o que vai ser de mim nos dias que estão por vir. Eu não soube o que te responder, nunca sabemos. O medo às vezes bate na gente mais forte do que as próprias circunstâncias e perdemos a capacidade de dizer o que achávamos ter certeza.
Você berrou que me amava quando contou das trevas que precisaríamos encarar logo ali na frente. Não houve mão passada sobre a cabeça nem afago discreto dizendo que o caminho é mais bonito que pedregoso. Mas é isso o que os amigos fazem, não é? Eu consenti, por mais que um nó se atasse na minha garganta.
Você disse que sentia medo de me perder e eu calei. Também sinto. E é tão doloroso dizer uma coisa dessas em sã consciência.
Nós crescemos, a vida passa, as memórias ficam. Será que as coisas precisam ser sempre assim?
Do teu lado eu aprendi, também, que não há nada de errado em perder um tempo olhando nos olhos de alguém. Não existia nenhuma segunda intenção, nós nunca deixaríamos de ser para o outro. Amor não demanda língua, corpo, saliva trocada e cobrança no fim de semana. Pode ser só isso, só duas pessoas admitindo que a vida está difícil, sim, mas a gente supera. E por ser só, é que se torna tão grande.
Te conheci no caminho de volta à claridade quando muita coisa ainda se mantinha escura à nossa volta. Amigos, compreendi dias desses, são as lamparinas que nos guiam para sair da escuridão, ao mesmo tempo em que contam com o nosso próprio brilho para sair das trevas de si mesmos. Nós somos assim, não somos?
Obrigado por isso. Nesse breve momento que é a vida presente, eu consegui dizer para o meu peito que o amor pode salvar a gente de qualquer coisa se nos permitirmos o ter como amigo. Seja em São Paulo, BH ou no frio gelado do Rio Grande do Sul.
Júlio Hermann
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7 de agosto – 15h, Salão de Ideias
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12 de agosto – das 16h às 18h, estande da Faro
Sessão de Autógrafos
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Tudo que acontece aqui dentro – cartas de amor nunca rasgadas
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