(Leia este texto ao som de The Scientist)
A minha reação imediata foi conter a vontade de jogar tudo para cima e parar as coisas por aqui. Por que precisa ser assim? Por que tudo rápido demais? Custa deixar um minuto para eu viver a vida que passa? Custa um pouco de paz?
Calma – foi o que eu disse para mim mesmo.
São poucas as coisas que me tiram do sério na vida. No meio de tanta coisa, eu deixo pouca brecha para o estresse. A loucura dentro da cabeça não para um segundo de pensar em algo que precisa ser feito, mas eu não costumo permitir que os meus próprios pensamentos me devorem apesar disso.
Aconteceu dessa vez.
Depois de acordar no fim da tarde de um domingo, eu percebi uma infinidade de coisas para serem feitas de uma hora para outra. O estalo ao me dar conta de tudo o que precisava sair do papel na menor quantidade de tempo possível me retirou de mim. Perdi o controle, olhei para mim mesmo com o olhar cerrado de quem quer esbofetear a própria cara. Não adiantaria nada.
Respirei.
Dei um jeito de seguir em frente com o que precisava ser feito, mesmo contra a minha vontade. Meu peito demorou mais de uma hora para se aquietar. Angústia é uma série de sentimentos acumulados que precisam se organizar para saírem da gente.
Depois do baque, eu levei um tempo para conseguir me manter em silêncio por alguns segundos. Até que, em meio a uma oração silenciosa que não diz nada, eu escutei berrar no meu coração uma única palavra que acalmou tudo.
Obediência.
E assim o fiz. Ou tentei fazer, pelo menos.
Obedecer era o mais sensato que eu poderia fazer ali. Se não fosse assim, as coisas não seriam feitas e eu não conseguiria acalmar o meu próprio peito. Esse texto não existiria também, por mais que o peso de uma infinidade de pendências continuassem a existir. No fim, eu consegui dar conta de tudo.
Depois de querer jogar tudo para o alto, eu precisei acalmar o coração e a mente para entender que talvez eu precisasse aprender algo com isso tudo. Eu não costumo sair de mim, mas aconteceu quando eu menos esperava, me mostrando que eu sou tão humano quanto qualquer pessoa por aí.
Por que assim? Por que agora?
Porque, talvez, algumas coisas precisam ser sentidas ao extremo para que entendamos a importância de manter a própria vida em silêncio para acalmar o que faz barulho do lado de dentro.
Júlio Hermann
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*Meu primeiro livro já está à venda em todo o Brasil. Se você gostou desse texto, tem grandes chances de se identificar com ele.
Tudo que acontece aqui dentro – cartas de amor nunca rasgadas
“Você lê aquilo que sempre quis dizer a alguém – ou a si mesmo -, mas que nunca teve coragem de tirar de dentro de si.” – Daniel Bovolento, autor de Por onde andam as pessoas interessantes? e Depois do fim.
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