Não seja um babaca

(Leia este texto ao som de Home)

Esse é só mais um momento em que eu olho as coisas em volta e percebo o quanto eu deveria ter agido diferente. Não dá mais tempo, não tenho muito o que fazer para colocar as coisas no lugar em que elas deveriam estar. E a culpa é minha. Inteiramente minha.

Geralmente a gente demora tempo demais para perceber que não estamos fazendo as coisas do modo certo. Poderíamos ter feito diferente, tínhamos a possibilidade de evitar uma série enorme de ferimentos que não tinham motivo para existir, mas parece que na cegueira burra que se torna nossa cabeça, damos um jeito de traze-los à claridade. Existia uma infinidade de jeitos diferentes de fazer tudo ficar bem, mas não fomos capazes de atentar para isso também.

O pior nisso tudo é ferir quem não merecia ser ferido. Uma vez ouvi um amigo dizer que achava alguém trouxa por acreditar demais nas coisas que sentia. Concordei na hora, mas isso não faz o menor sentido agora. Trouxa é quem mantém a outra pessoa junto das próprias batalhas quando não tem certeza do turbilhão que se passa dentro da própria cabeça, acabando por ferir quem se ama e se quer bem.

Pena que a gente demora tempo demais perceber. Pena que eu demorei demais.

Encarar a consequência disso é a primeira coisa que a devemos fazer. A culpa é nossa, então que puxemos a responsabilidade para debaixo dos nossos olhos, buscando não repetir tudo outra vez.

Agora eu olho para trás e percebo quanto eu deveria ter agido diferente. Não abandonando tudo antes de as coisas ruírem, mas tentando entender e ser melhor para quem amo enquanto tudo ainda não havia me devorado. Perdemos pessoas boas demais na vida por não entendermos a confusão que é a nossa própria cabeça.

Quando percebemos, no meio de uma esperança ainda ardente de que tudo virá a ficar bem, só esperamos não ser mais assim outra vez. E que não sejam com quem amamos também.