(Leia este texto ao som de Archangel)
Encarar as próprias trevas é horrível. Direto, assim, como o início deste texto. Como a escuridão aflita de uma mata fechada durante a madrugada e sem nenhum ponto de luz. Só que dentro de si. Somente dentro de si. Com a probabilidade de que a escuridão poder atingir outra pessoa a qualquer momento e ferir.
É exatamente assim que eu me sinto. Não é de hoje, todo mundo sabe que não é de uma hora para outra. Mas a gente tem essa mania chata de tentar mentir para si mesmo que não existe nada de errado conosco. Até ferirmos mais uma vez quem se ama. E a bomba psicológica explode.
Ignorar as coisas erradas que existem dentro de mim sempre foi natural. Não importava o que as pessoas em volta pensavam da minha personalidade e do meu jeito de ser. Não importava o dedo que me apontavam por ser podre da carcaça para dentro. Até que eu encontrei alguém com quem me importar de verdade. E as trevas começaram a ganhar importância também.
Hoje eu começo a viagem. Guiada por minha própria consciência dentro da minha própria cabeça e com algumas passagens pelo meu peito. Talvez dure algumas horas, talvez leve uns dias. Mas eu tenho certeza que serei um alguém melhor para quem amo quando terminar.
Tenho chorado, demorei horas para dormir. Tenho sentido falta de quem me faz feliz. Como se me colocasse do avesso e descobrisse alguém completamente novo dentro de mim mesmo. Ainda igual, mas muito mais sincero com os demônios que guarda dentro de si.
Encarar as próprias trevas é horrível. Mas é extremamente necessário para nós mesmos às vezes, por mais que doa absurdos. O segredo é encontrar um ponto de luz para nortear nossa saída dessa mata escura. A minha tem sido a vontade de ser a melhor pessoa do mundo para a pessoa que merece o meu amor.