(Leia este texto ao som de Budapest)
Pelo modo como as coisas se apresentam na frente dos meus olhos, eu já consigo perceber que nada mais será assim a partir daqui. Uma dose a mais de afeto antes de dormir, um tanto a mais de carinho depois de acordar. Faz quase meio ano, mas ainda assim parece ser a primeira vez.
É nos papos de humanas e o caos que tem se tornado o país que eu percebo o quanto eu ando uma pessoa mais feliz nos últimos tempos. Ela não entende tanto de números, eu também não, mas se torna fácil demais calcular os dias e as horas quando existe afeto e um amor que eu não havia aprendido a sentir antes de tudo.
Houve um tempo em que amar era um fardo e sobrecarregava todos os âmbitos da minha vida. E o pior é que todo mundo passa por um período desses ao longo da vida. A gente só percebe quando passa e nos damos conta de que tudo estava sugando o que ainda existia de bom dentro dos nossos peitos, tudo parecia programado para não nos fazer sorrir com uma sinceridade que deveria ser obrigatória nesses casos.
Até que os céus deram um jeito de fazer a gente se esbarrar no meio de tanto caos. Foi num domingo chuvoso, sem muita coisa para fazer. Eu brindava a vida, ela dizia que era tempo de fazer festa também, que sempre vale a pena aproveitar quando há motivo para ser feliz. Não fez muito esforço para que eu gostasse dela, mas eu gostei mesmo assim.
Um pouco num dia, outro tanto na semana seguinte. Até que o mundo parou de fazer sentido sem os risos e as falas e os debates sobre um monte de temas que não importam para ninguém e ainda assim são importantes pra gente.
Pelo modo com que o mundo corre na frente dos meus olhos, eu sei que as coisas não voltarão a ser como eram. Uma dose a mais de afeto, um tanto a mais de carinho. Faz pouco mais de cento e vinte dias, mas meu coração ainda acelera por ela como se fosse a primeira vez.