Medo de amar é o caralho

(Leia este texto ao som de There For You)

Chego em casa depois de mais um dia cansativo e paro para conversar com um amigo. “Não tem dado certo”, diz ele. “Falta tempo. Não sei o que vou fazer, como eu tenho que agir quando as coisas fogem assim do meu controle. Parece que o peito acelera e eu não sei o que fazer com o que acontece dentro dele. Melhor deixar passar”.

Tá errado.

Vivemos em uma geração que decidiu crucificar o amor por não parecer fácil amar. Se quem se ama mora longe, é melhor esquecer. Se a pessoa que revira o coração da gente do avesso tem passado por um momento complicado, xô pra lá o fardo alheio. Se estamos em um momento de ascensão no trabalho, melhor não deixar alguém entrar agora para não desviar o nosso foco.

E onde entra o realmente faz a vida valer a pena nisso tudo?

De vez em quando esquecemos que depois de deitar a cabeça no travesseiro já não importam os boletos, a promoção no emprego, a hora extra no fim do turno, as filas nos bancos e o tanto de vezes que precisamos refazer os relatórios ao longo do dia. Importa o que a gente sente. O modo descompassado com que o peito pulsa por aquilo o que amamos.

Algumas vezes na vida esquecemos que se não fosse por amor não estaríamos aqui. Dia mais, dia menos, vai acontecer com a gente. Talvez esteja acontecendo agora, mas estamos preocupados demais em nos privas de ter que dividir o que é nosso com os outros que esquecemos de nos entregar para que merece o que somos.

O segredo todo está em se doar. Mesmo que você se pegue de volta depois, entrega o peito para quem você achar que vale a pena. Mesmo que sinta medo do que pode acontecer na frente, não viva com a dúvida entalada na subida da traqueia.

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Depois de um tempo percebemos que o amor faz a doação, a falta de tempo, as tarefas que ficaram para trás não merecerem tanta atenção assim. Não é pesado ser pelos outros quando o nosso peito já não para nós também.

Digo para ele que vale a pena, sim. Vale insistir, mesmo que haja distância. Eu insisto. Boto as cartas na mesa comigo mesmo e admito sentimento. Às vezes o que precisa passar é a indisposição chata que temos em achar problemas que não são importantes assim quando podemos ser felizes.

Júlio Hermann

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