(Leia este texto ao som de I’m Not The Only One)

Um lapso de contemplação e tudo termina. Soube disso uma vez, logo depois de alguém falar sobre como o mundo gira diferente pra nós dois. Contei as horas para comprar um pouco mais de tempo comigo mesmo, mas as coisas não funcionam assim. Nem aconteceu nada demais, mas achei que isso te importasse.

Vai ver isso é coisa só minha e você nunca teve essa sensação chata cutucando atrás da orelha. Me diz que a gente encaixa a vida no outro quando tudo estiver prestes a ruir e encara o fim juntos. Mas o fim vai ser nós dois, cada um de um lado do mundo, juntando as mãos para pedir aos céus um pouco mais de tempo.

Procrastino a hora de levantar de manhã cedo para pensar um pouco mais nas tarefas do dia. Dia desses me falaram que planejar demais engasga a gente e fica complicado respirar. Você também já sentiu como se algo te prendesse ao redor do pescoço? Nem chega a ser físico, só da para sentir.

Num café perto do centro. Rodei meia hora com o carro para encontrar um vaga. Será que eu consigo estacionar o meu olhar no teu sorriso por um tempo? Só até a chuva diminuir lá fora. Esqueci de prever o clima e o tanto de coisas que ficam martelando aqui dentro quando te enxergo assim.

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Como alguém em sã consciência pode falar isso da gente? Nunca repararam no modo como você baixa os olhos e sorri quando sente vergonha nem na forma como o meu peito se contrai inteiro quando te vê escapando do campo de visão na hora de voltar pra casa.

Num milésimo de segundo o universo muda e inicia outra vez. Percebi quando te vi erguer os olhos tentando entender tudo. Contei da vida, pedi da sua. Tempo era tudo o que eu queria para poder ficar um pouco mais por aqui. Mas o cronometro é o que menos importa quando encontramos um modo de ser um pouco mais felizes.

Júlio Hermann