(Leia este texto ao som de Sleepwalker)
Me procurou mais cedo para saber como vai a vida e perguntou como as coisas vão ser daqui para frente. É dolorido não saber o que dizer nessas horas, mas acho que a gente nunca sabe mesmo.
Disse que se colocava à disposição para ajudar a arrumar a bagunça aqui dentro. Mas a confusão na cabeça é inteiramente minha. Não é nem um pouco justo arrastar alguém para dentro do turbilhão de infinitos que colidem o tempo inteiro aqui dentro.
Cada um por si e eu por mim mesmo? Não sei se tenho certeza absoluta disso, nem sei se chegamos a ter em algum momento. Já percebeu que a disposição em ajudar faz melhor para gente do que a pressão chata de querer mudar o universo por nós? Ela percebeu isso. E foi nessa hora que eu me dei conta do verdadeiro motivo de eu a ter amado tanto até aqui.
Coloca um pouco mais de calma na vida, nem que seja para a cabeça discernir e a alma inundar com um pouco mais de tempo. Eu tenho, veja bem, disseram esses dias que eu tenho pelo menos mais seis décadas de vida. O que é tirar um tempo disso tudo agora para pensar em como as coisas vão ser daqui por diante? Mas sem adiantar demais, porque nada é definitivo também.
O que eu não tenho conseguido fazer é me enxergar aqui nos próximos tempos. Pelo menos não dessa mesma forma. Nem é tanto assim desejo de mudar e deixar de ser o que eu tentei com unhas e dentes até aqui. É só uma certeza absoluta de que o que está guardado para mim vem para fazer estrondo aqui dentro, mesmo que em silêncio. E isso não é necessariamente ruim.
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Não posso prometer que as coisas vão ser exatamente como eu dizia um tempo atrás, ano antes de a gente deixar de se esbarrar em toda vez que vida colocava o pé no freio. Hoje ela já não mora na cidade, eu também não moro em mim. Não aprendi o suficiente, nem encontrei nada para dizer. Mas a gente nunca sabe mesmo.
Só sei que o que há de vir tem força.
E que a única coisa que eu desejo da vida é que sorria para nós, estando onde estivermos.
Júlio Hermann