Eu sou inteiramente meu

(Leia este texto ao som de Counting Stars)

Pessoas me perguntam todos os dias como posso eu escrever sobre amor sem ter ninguém comigo ou sem sentir meu mundo inteiro balançar por alguém. Estaria mentindo se dissesse que não tem ninguém, mentiria da mesma forma se confirmasse que a tal pessoa existe. Não precisamos de alguém conosco para amar.

Pessoas incríveis passaram pela minha vida até aqui. Sobrou um jantar numa segunda-feira pós feriado, um café no fim de um domingo, o passeio no parque num sábado que ameaçou chover e esquecemos de levar guarda-chuva. Restou um grito preso na garganta e uma dúzia de palavras não ditas, alguns textos implorando para serem escritos e uma vontade gigante de seguir em frente depois de tudo, mesmo que sem querer esquecer a tal pessoa.

Muita gente acha que precisamos ter alguém o tempo inteiro no centro de nossas atenções, mas não é bem assim. Eu tenho a faculdade, um livro novo sendo preparado para cada um dos meus leitores, uma série de projetos que tenho vontade de levar para frente e tirar do papel, encontros com pessoas importantes demais na minha vida e que não quero deixar para depois, sem intenção romântica nenhuma. Uma vontade gigante de levar as coisas um pouco mais para frente a cada dia.

Isso, no entanto, não significa que blindo meu mundo para que ninguém resolva fazer morada nele. Daqui a pouco alguém chega ou volta – por que não? – e faz o universo sacudir inteirinho, fazendo com que toda minha atenção gire em torno de outro norte. Logo mais alguém bate aqui em casa e resolve ficar por um intervalo de tempo que permita me apaixonar enquanto preparo o café e pergunto se tudo vai bem.

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Pessoas vem e vão de nossas vidas o tempo inteiro, não somos obrigados a fazer nosso universo girar em torno de alguma delas. Geralmente acontece, geralmente queremos isso também. Assim como muita gente, eu espero o tal momento em que isso vai acontecer comigo. Contudo, as coisas não precisam ser assim. Precisamos ser inteiramente nossos antes de queremos ser de alguém. Eu sou inteiramente meu.

O que tento explicar para as pessoas é que amor é muito mais coisa que vive dentro da gente do que no fato de dividirmos algo com alguém. Escrevo sobre amor para desentalar sei lá o quê que trago na garganta, e para ter certeza de que ainda carrego a vontade de ter alguém do lado pronto para ser transformado em poesia.

Até lá, vou transformando o resto dos detalhes em amor.

No fundo, tudo a minha volta precisa de um pouco disso para se manter vivo.

Júlio Hermann

9 comentários sobre “Eu sou inteiramente meu

  1. Bruna Goulart disse:

    Eu me sinto assim como esse texto, me sinto precionada pelas pessoas acharem que todos tem que ter outra pessoa no centro da sua vida, sinto precionada a ficar com pessoas não por gostar mais pelo motivo de pessoas acharem que tenho que ser igual a todos, tenho que ter uma pessoa ao meu lado, e agora me sinto mais motivada a gostar de ficar sozinha e curtir os momentos bons com as pessoas que amo, OBRIGADA vc é MARAVILHOSO escrevendo e me motivando!!

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  2. Luna disse:

    Você escreve sobre o melhor e maior sentimento que podemos ter em nós, que reúne todos os bons sentimentos
    Simplesmente porque é o que Tem, é o que há dentro de você, Amor!
    Esse é o nome que faz nossos olhos saltarem, nosso coração parar e acelerar tão rápido… Faz decompassar nossa respiração e aceitar e ajeitar a Vida!

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  3. Jade disse:

    É incrível! nunca antes me identifiquei tanto com um texto.Obrigada por colocar em palavras exatamente o que eu penso e não consigo ver forma! não conheço seu trabalho,mas sou sua fã simplesmente pela emoção que essas poucas palavras me passaram.Obrigada!

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