(Leia este texto ao som de Drops of Jupiter)
Seus olhos.
O que tem eles?
Se apequenam quando você sorri.
Repararam neles uma vez. Acho que foi uma colega da faculdade. Disse que era charme. Eu não acho. Nem entendo como alguém consegue reparar numa coisa dessas.
Reparei quando as rugas se formaram do lado das pálpebras e se alinharam com o sorriso. Já havia reparado antes, mas essa é a primeira vez que eu tive um choque.
E por que isso agora?
Medo, eu acho. Medo de precisar enxergar a tua silhueta encontrando um lar diferente no horizonte.
Não entendo esse medo de perder as pessoas que tanto comentam por aí. Digo, até entendo que a gente perca alguém especial quando essa tal pessoa morre, mas perder alguém que a gente pode esbarrar amanhã? Pode ser que cada um vá prum lado e a gente não se veja mais, pode ser que eu grude em você e a gente amanheça juntos. No pior dos casos, posso encontrar você na semana que vem. Não seria perda, seria afastamento.
Tenho medo de perder abrigo.
Abrigo?
Abrigo. A sensação de esbarrar com um rosto na rua e se sentir seguro, mesmo que o mundo seja violento do lado de fora. Mesmo que seja frio e eu tenha esquecido o casaco. Mesmo que eu tenha perdido o horário do voo e precise passar a noite em claro pensando na série de problemas que eu vou ter daqui pra frente. Medo de nem tudo parecer tudo bem.
Você acredita mesmo nessas coisas?
Acredito. Sei que o meu mundo não vai desabar se você me disser que não dá mais, pelo menos não literalmente. Mas sei que eu perderia essa sensação segura que eu carrego no peito. Sei que não seria a mesma coisa toda noite depois de trancar as portas do apartamento, mesmo sabendo que a maçaneta não gira do lado de fora.
Medo de deixar alguém novo entrar?
Medo de me ver fugindo de mim também.
Talvez seja apego.
Talvez você tenha razão e seja apego mesmo, talvez seja ternura. Talvez você não entenda.
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Entendo. Entendo quando você fala sobre os meus olhos e meu peito sente uma vontade chata de tentar se encontrar em você dessa vez. Entendo quando você fala de abrigo e meu peito sente um receio chato de te ferir. Entendo que eu nunca sei direito o que fazer, por mais que eu já tenha tentado outras vezes.
Vai ver nunca consigamos levar isso aqui pra frente e eu me sinta vulnerável pra caramba depois de tudo, eu sei. Mas acho que você merecia saber sobre os olhos e o sorriso. Sobre a forma que o rosto cora em toda vez que você baixa os olhos de vergonha.
Queria que fosse charme, como dizem. Mas é receio.
Também sinto. Sinto um receio enorme de nunca mais poder enxergar isso.
Meus olhos?
Não, você.
Júlio Hermann
EU NAO SEI LIDAR!!
❤️❤️
Que tiro!!
“Nunca desistir de fazer o que se ama”, tu me disse, e cara, espero que você nunca deixa de amar a escrita, pelo amor de nossa literatura contemporânea kk
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Talvez seja apego.
Talvez você tenha razão e seja apego mesmo, talvez seja ternura. Talvez você não entenda.
Queria que fosse charme, como dizem. Mas é receio.
Também sinto. Sinto um receio enorme de nunca mais poder enxergar isso.
Meus olhos?
Não, você.
Queria que isso não me afetasse tanto,queria que você quisesse ficar.
Queria não me sentir destruída.
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Júlio do céu ❤ você é suas palavras maravilhosas. Pelo amor de Deus, tá na hora de fazer um livro.
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“Também sinto. Sinto um receio enorme de nunca mais poder enxergar isso.
Meus olhos?
Não, você.”
Quanto tiro, mds! Eu nem vim preparada pra isso, só queria me att nos seus textos mesmo, mas sua arma nunca fica sem balas ne, Júlio? ❤
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Como lidar?
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